A água começou a baixar e a permitir o acesso a mais pontos do centro de Porto Alegre. Na manhã desta sexta-feira (17), moradores saíram às ruas desde cedo e perceberam o recuo da inundação em algumas áreas.
O Centro Histórico foi inundado no dia 3, com a elevação do Guaíba após vários dias de chuva intensa no Estado, causando enchentes de rios que desaguam no corpo d'água que banha a Capital. O nível atingiu o maior valor já registrado, de 5m35cm, no dia 5, em ponto onde a cota de inundação é de 3m. No fim da manhã desta sexta-feira (17), o Guaíba seguia em 4m69cm.
Na Rua Riachuelo, próximo ao Gasômetro, o aposentado Athaualpa Segala, 72 anos, comentava que a água havia baixado e já era possível ver parte da calçada do prédio.
— Ali onde tinha aquela lixeira e os bancos, não dava para ver ontem (quinta). Hoje já apareceu de novo. Que bom que está baixando, tomara que não volte! — comemora o morador, que está na Rua Riachuelo há 28 anos.
Apesar da boa notícia, os frequentadores do Centro Histórico agora passam a lidar com outro problema: a enorme quantidade de lixo carregada pela água e que agora se acumula. Na esquina da casa de Athaualpa, apareceram peixes mortos, pedaços de plástico, calçados e até um sofá molhado foi descartado.
— Os peixes eu retirei, até para não ficar o mau cheiro — comenta.
Na Rua dos Andradas, perto da Casa de Cultura Mário Quintana, a água baixou bastante, mas o acúmulo de sujeira chamava a atenção. Em um dos prédios, moradores se uniram a comerciantes e colocavam sacos plásticos nas mãos como uma espécie de luva para retirar os materiais, com auxílio de vassouras.
— Tinha até rato aqui, tinha que tirar para não entrar dentro do edifício. Quanto mais sujeira, pior. Então tinha que se mobilizar — salienta Isabel Azevedo, 70, síndica do edifício Dom Henrique, que fica na Rua dos Andradas. Em meia hora, o grupo deixou a calçada limpa.
— Nem todos os garis dão conta, então a gente tem que se unir e ajudar — defendeu a assessora parlamentar Lisandra Schroeder, 48, uma das moradoras que estava convidando o grupo a participar.
A água também diminuiu em outras partes do Centro Histórico e agora está bem concentrada nas ruas mais próximas ao Guaíba. Na Praça Brigadeiro Sampaio, a reportagem observou uma marca da inundação que indica uma redução de alguns centímetros no muro da Marinha do Brasil. Ainda assim, a esquina da Sete de Setembro com a General Portinho segue sem acesso e tomada pela água, que cobre metade das placas de sinalização de trânsito. Por ali, o lixo também se aglomera e segue dentro da área de vegetação da praça.
Na Rua Uruguai com a Andradas, funcionários do DMLU faziam a limpeza e utilizavam carrinhos de mão para ajudar a remover a grande quantidade de lixo. Já na Rua Caldas Júnior, a água apresentou pouco recuo e o lixo chamava a atenção.
— Apareceu essa grande quantidade de ontem para hoje. Não estava assim — afirmou um morador, que não quis se identificar e observava a pilha acumulada na esquina com a Rua dos Andradas.