Uma composição de arte em movimento pelo cenário urbano metropolitano é a novidade apresentada nesta sexta-feira (22), em ato ocorrido em Porto Alegre, pelo projeto Identidade de Rua, do Instituto Troca de Ideais. Quatro artistas plásticas grafitaram vagões do transporte sobre trilhos em uma ação que chega à quarta edição, com apoio da Trensurb, da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Cultura. As edições passadas — em 2005, 2008 e 2011 — projetaram o trabalho de artistas homens.
Bruna Rison, Jay Moraes, Sabrina Brum e Jamaikah Santarém compuseram painéis — cada uma tendo como tela um dos vagões da composição — sob temáticas relacionadas à condição feminina na atualidade.
— Escolhi corujas e desenhei três corujinhas, que são os meus filhotes, para homenagear as mulheres, sem distinção de raça, cor ou história de vida. Também abordei a horticultura, que me fortaleceu em um momento de dificuldade — contou Sabrina.
— O trem faz parte da cultura hip hop, da vida da mulher urbana — emendou Bruna.
A solenidade ocorreu em ambiente festivo, com música e presença de representações da cena política e da sociedade civil. As obras de arte eram o pano de fundo no cenário que traduzia sentimentos e expectativas do cotidiano.
— Agora posso dizer que vou andar na linha — disparou Jamaikah. — O trem carrega mulheres trabalhadoras, sensíveis, lutadoras das periferias — completou.
— Busquei representar a raposa, que é a protetora dos viajantes. As mulheres que vão viajar neste trem deixarão seus filhos em casa e irão sob a proteção da raposa. Sou mãe solo de dois pequeninos que estão me esperando neste momento — apontou Jay, com a voz trêmula de emoção.
Expressividade e sensibilidade
Para a presidente do Instituto Troca de Ideias e coordenadora do projeto Identidade de Rua, Fabiana Menini, a decisão de promover uma edição apenas com artistas mulheres ocorreu pela busca de fortalecer a conexão entre a expressividade feminina e a sensibilidade que as mensagens grafitadas vão oferecer aos sentidos dos passageiros do Trensurb.
— Mulheres trazem sensibilidade e humanidade na sua forma de transmitir a mensagem — pontuou Fabiana, uma das precursoras no suporte e na disseminação da cultura hip hop em Porto Alegre.
A chefe do escritório do Ministério Cultura em Porto Alegre, Patrícia Affonso, destacou o aspecto político relacionado com a ação, mencionando a recriação da pasta e a recomposição de um orçamento direcionado ao apoio de iniciativas como a desta sexta.
— O Trensurb continua público. A cultura voltou ao nosso cotidiano — completou a diretora Administrativa e Financeira da Trensurb, Vanessa Fraga da Rocha.