Os três dias de South Summit em Porto Alegre trouxeram visitantes de diferentes partes do Brasil e do mundo ao Cais Mauá, no Centro Histórico. Circular pelos armazéns e espaços externos é cruzar com uma variedade de sotaques, descendências e histórias.
A reportagem entrevistou, nesta sexta-feira (22), seis visitantes que falaram sobre suas impressões a respeito do evento.
A empreendedora Fatima Censi, 40 anos, caminhava com um hijab (o véu islâmico) cobrindo parte da cabeça. Natural de Porto Alegre, ela explicou que é muçulmana e descendente de árabes.
— Estou expondo no South Summit. Minha startup (Ecobotica, que existe há três anos) é de cosméticos naturais e tecnologia. A ideia é entregar produtos mais eficientes, tecnológicos e naturais — afirma Fatima, que atua diretamente no relacionamento com o público e na parte de vendas da empresa.
O angolano Narrador Kanhanga, 41, participa pela segunda vez do South Summit. O africano trabalha com comunidades de imigrantes e refugiados do Rio Grande do Sul.
— Este ano, a questão da diversidade está mais presente. Hoje, vejo muita startup de favela fazendo parte do evento — diz ele.
O empreendedor e dono de uma empresa Kadi Kokoye, 37, veio de Benin, na África Ocidental, para conhecer o South Summit. O visitante compartilha o que sentiu nesses três dias de evento:
— Estou gostando da diversidade das empresas. Não considero a tecnologia uma coisa só. Geralmente, as pessoas pensam que é só matemática. A tecnologia tem muito da questão social envolvida — reflete.
Mais de 50 nacionalidades estão presentes no Cais Mauá. É comum escutar diálogos em espanhol e inglês enquanto se caminha pelos ambientes e armazéns do local.
Descendente de argentinos e italianos, a bancária Vanessa Altíssimo, 34, trabalha no Sicredi há 14 anos. Natural de Camaquã, ela vive em Porto Alegre.
— Vim no South Summit para entender o comportamento de consumo. Para ver as pautas ambientais, de vulnerabilidade e de hiperpersonalização do consumo — conta, citando que também procura compreender como essa diversidade de olhares pode contribuir para o negócio.
Doutorando no curso de Sensoriamento Remoto, Mauricio Kenji Yamawaki, 35, descende de japoneses da Província de Kumamoto. Visita pela segunda vez o South Summit.
— Nossa equipe participou da competição de startups — menciona Yamawaki, que trabalha na Tidesat, incubada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
— Acabamos de instalar, em atividade conjunta com a Portos RS, um sensor no Guaíba para monitorar o nível da água — salienta, comentando que o South Summit possibilita networking e acesso a pessoas que talvez não estivessem acessíveis em outro contexto.
A analista de canais digitais da Azul, Maria Heloisa, 26, mora em São Paulo e nasceu no Paraná. Participou pela primeira vez do South Summit em Porto Alegre.
— Tento entender o que podemos trazer para dentro dos canais da Azul e conhecer um pouco mais — observa ela, que descende de alemães.
A visitante avalia os prós e os contras que percebeu no evento de inovação e empreendedorismo que se encerra nesta sexta-feira:
— Talvez para a aviação ainda não seja um marco muito estratégico. Mas é legal ter o contato com startups e assistir às palestras.