Porto Alegre é uma cidade emoldurada por elevações e variações de terreno, com cerca de 65% de seu território (496,684 km²) composto por morros. São cenários nos quais há mais de 100 quilômetros em extensão de trilhas, que levam a variedade de fauna e flora, em um ambiente que mescla o bioma Pampa com resquícios de Mata Atlântica.
Com diferentes níveis de desafio e variadas formas de acesso, estes caminhos revelam um novo olhar sobre a capital gaúcha, onde o silêncio e a presença da natureza tornam ainda mais exuberante o pôr do sol reconhecido como uma das mais belas imagens do Rio Grande do Sul. Para marcar o aniversário de 252 anos da Capital, celebrado nesta terça-feira (26), conheça três destes destinos e dicas para planejar sua aventura.
Morro do Osso
O Parque Municipal do Morro do Osso é uma unidade de conservação ambiental onde é possível praticar a primeira experiência de trilha em morro, sob nível de esforço que vai de leve a moderado. O ingresso nas dependências do parque ocorre por via urbana, no bairro Jardim Isabel, loteamento residencial situado entre os bairros Ipanema e Cavalhada.
— Porto Alegre tem mais de 40 morros, que são sem dúvida um atrativo turístico da nossa cidade. O turismo de aventura está em desenvolvimento e as trilhas representam uma forma diferente de vermos a cidade. O Morro do Osso é ótimo local para a primeira trilha — aponta a secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo da Capital, Júlia Evangelista Tavares.
A secretária destaca que é possível agendar visitas guiadas com a prefeitura. Veículos de passeio podem ficar estacionados próximo à administração do parque. No prédio há sanitários. Diante dele, existe um bebedouro onde se pode abastecer garrafas com água filtrada.
A trilha inicia por uma estradinha de terra revestida com saibro. Roupas leves, chapéu e tênis confortáveis, com solado aderente e resistente, são recomendáveis. A caminhada, em seus primeiros 500 metros, ocorre em aclive não muito acentuado. A trilha é ampla e bem demarcada.
Guiada pelo casal de guias de turismo Márcio Viana, 45 anos, e Adriene Guterres, 29, nossa equipe chega ao primeiro ponto de parada, onde uma placa indica a direção para o "topo do morro". A elevação prossegue suave, porém a vegetação vai ficando mais densa, deixando o caminho mais estreito e por vezes recoberto pela copa das árvores, o que amplia a sensação de contato com a natureza.
A caminhada em pequena elevação não chega a produzir desgaste. No entanto, intensifica suavemente o ritmo da respiração e do batimento cardíaco. São sensações esperadas e que valorizam a proposta da trilha em morro.
Com pouco mais de um quilômetro percorrido, a caminhada atinge uma elevação aproximada do ponto mais alto: 143 metros acima do nível do mar. O percurso pode ser cumprido em um intervalo variável de 30 a 45 minutos, de acordo com o ritmo e com a eventual necessidade de parar para descansar e retomar fôlego.
Visual da cidade é recompensa a trilheiros
A chegada ao platô é uma recompensa. É um espaço aberto, arejado e que proporciona uma vista muito ampla através da arquitetura urbana de Porto Alegre até o Guaíba. Uma peculiaridade a ser considerada é que o parque fecha ao final da tarde, o que impede o visual para o pôr do sol.
Com um pouco de sorte, será possível ouvir e até ver aves de diversas espécies ou pequenos répteis e mamíferos que habitam o local. O silêncio, no alto do Morro do Osso, compõe uma sensação de paz e inspira um olhar contemplativo sobre a paisagem urbana.
Mesmo em uma tarde de verão (a trilha ocorreu na quinta-feira, 14 de março, quando Porto Alegre registrou temperaturas superiores a 38ºC), o ar é refrescante e o descanso na sombra pode ser muito agradável.
— É uma forma excelente de quebrar a rotina para quem trabalha e vive na correria da cidade como a gente — define o técnico de higienização hospitalar Ítalo Aquino, 27 anos, que conheceu as trilhas do Morro do Osso acompanhado do atendente de nutrição hospitalar Diego Borges, 34, o qual repetia a experiência pela terceira vez naquele dia quente.
Depois de observar o visual, o retorno pode acontecer por uma trilha alternativa, que passa pela formação rochosa denominada "pé de Deus". Trata-se de uma pedra que se assemelha à planta de um pé enorme, inclinado na direção da trilha. O local é bastante visitado e pode representar uma ótima lembrança fotográfica do passeio.
Na sua frente, outra formação de rochas aponta para o céu, como um um dedo indicador. Por uma via lateral a esta pedra, é possível escalar e observar trecho de paisagem do extremo sul da cidade. Este atrativo é recomendado apenas com equipamentos de segurança e a presença de um guia para orientar o acesso.
SERVIÇO
Morro do Osso (143 metros)
- Rua Irmã Jacobina Veronese, 170, bairro Jardim Isabel;
- Área pública, com administração local, e 127 hectares;
- Telefones (51) 3289-5070 e 3289-5071;
- Horário de funcionamento do parque é das 8h às 17h, das terças às sextas-feiras, e das 8h às 18h aos sábados, domingos e feriados;
- Nível da trilha varia de leve a moderado, com percurso de aproximadamente 2,5 quilômetros de extensão para subida e descida, em tempo estimado de 1h30min, incluindo paradas para hidratação, fotos e contemplação da paisagem;
- Importante vestir roupa leve e calçado esportivo, utilizar chapéu e proteção solar, carregar ao menos um litro de água e algum alimento leve para reposição da energia.