Antes mesmo de entrar no corredor de estandes montados no Largo Jornalista Glênio Peres, no centro histórico da Capital, já dá para ouvir as palmas dos vendedores e os gritos de "baixou a tainha!", "aqui o camarão é de verdade, não é só gelo!", "se levar dois tem promoção!". A 244ª edição da tradicional Feira do Peixe de Porto Alegre vive, nesta quinta-feira (28), seu dia de maior movimento, comemoram os comerciantes.
As vendas começaram na segunda-feira (24) com pouca procura, mas foram melhorando ao longo da semana. Pescadores que participam há mais de uma década relatam que já dá para perceber que esta quinta-feira está mais agitada do que na do ano passado, e tudo indica que será suficiente para superar as vendas totais da última edição. De acordo com a Prefeitura de Porto Alegre, mais de 300 mil pessoas já circularam pelas 40 bancas de pescados, resfriados e congelados e pelas quatro bancas de venda de alimentos prontos. O total de vendas até hoje já se aproxima da meta de 355 toneladas.
– Esse é o melhor dia até agora, movimento bom. Aqui o que mais está saindo é a tainha limpa resfriada, que estamos vendendo a R$ 25 o quilo. A corvina também está saindo bem, a R$ 20 o quilo – afirma Ericles Maciel, comerciante em uma das bancas.
É possível comprar pescados até as 22h nesta quinta-feira, ou na sexta-feira, último dia de feira, das 8h30min às 13h. A tainha é o peixe mais buscado pelos consumidores, com preços que variam entre R$ 22 e R$ 25. Também estão entre os mais vendidos os filés de merluza (cerca de R$ 25 o quilo) e tilápia (por volta de R$ 30 o quilo). As atenções também vão para o camarão, que custa cerca de R$ 60 o quilo, mas com possibilidade de desconto se o visitante estiver disposto a levar mais de um pacote.
– O camarão sete barbas estamos vendendo a R$ 59 o quilo, e está saindo bem, mas também está boa a procura pelo filé de traíra ou de tilápia – afirma o pescador Henrique Ordovás.
Tradição
Durante a manhã, o corredor entre as bancas fica apinhado de consumidores querendo garantir o seu peixinho para a sexta-feira Santa, data em que, segundo tradição religiosa, não se deve comer carne vermelha. Perguntado sobre o que carrega nas sacolas plásticas, o eletrotécnico canoense de 39 anos, Maicon Luis, responde:
– Comprei uma tainha congelada e uma traíra, os preços estão dentro do esperado. É a primeira vez que venho à feira em Porto Alegre, mas lá em casa é peixe quase todo dia. Esse vai ser o almoço de amanhã para minha esposa e filhos.
Se o cheiro de peixe não tem a melhor das famas, o mesmo não pode ser dito do aroma delicioso da tainha assada na taquara sobre a brasa, temperada com manjericão e outras ervas. Vendida a R$ 50, a grande, e R$ 40, a média, a popularidade é visível, já que a fila para comprar a iguaria dá a volta no estande.
Para quem quer fazer um lanche na hora, outra opção é o espetinho de peixe, vendido a R$ 10.
– É um filezinho de caninha sem espinhos, bem macio, coberto com uma massinha de panqueca e frito. Dá até para criança comer – afirma a pescadora da ilha da Pintada Maria do Carmo Brandão.