Nos últimos anos, a união de universidades, institutos públicos e privados, empresas e entidades tem gerado resultados importantes e projetos que resultam na atração de talentos e negócios ao Rio Grande do Sul. Em entrevista, o presidente do South Summit, José Renato Hopf, reflete sobre a grandeza do encontro e os desafios de reunir milhares de cabeças pensantes de mais de 80 países.
Chegando à terceira edição, como você avalia a evolução do South Summit Brazil?
A gente chama de evento de consolidação. Pelas dimensões, nos tornamos o maior da América Latina, na edição passada. Dentro do quadro de grandes eventos globais de inovação, passamos, agora, a ser um evento consolidado dentro do mapa global. O primeiro ano foi startup mode, uma surpresa a cada dia, um leão por hora, mas foi muito legal porque todo mundo construiu junto. Outra coisa que faz muita diferença é porque se consolida como um evento cocriado, diferente de eventos que têm outra dinâmica. Temos embaixadores em todo o país, na América Latina e pelo mundo.
Quais os diferenciais do Estado para valorizar o empreendedorismo e a inovação?
Temos uma gastronomia maravilhosa, muito completa: comida alemã, parrilla, churrasco, mesclado com o "gaúcho", que é uma coisa do português e do espanhol, integrados. Mas Porto Alegre, em si, se torna um destino cada vez mais cool. Quando a gente fez o vídeo para falar com os grandes eventos no mundo, a fim de nos ajudarem a trazer uma marca para cá, produzimos esse conteúdo em conjunto com entidades da sociedade civil, prefeitura e governo estadual. Definimos nosso lugar como "a place to invest, a place to work, a place to study, a place to live". Isso fala muito do momento positivo que estamos vivendo no nosso Estado. Um lugar para investir, trabalhar, estudar e, em suma, para viver. Trazer o South Summit foi muito legal, e está sendo bom, porque estamos vivendo um bom momento. Precisa viver para entender. A gente às vezes, não enxerga, mas quem vem de fora fica impressionado. A própria escolha do cais, por exemplo, se dá porque foi onde a cidade se iniciou e é onde ela está se renovando.
Como o South Summit Brazil se mantém alinhado às principais tendências?
O principal ponto é a ajuda de muita gente. É nossa rede de contatos estabelecida, do conselho de honra. Normalmente, com uma rede, a gente chega em qualquer pessoa. Grandes empresários que apoiam o evento ajudam muito a fazer esses contatos globais. A pessoa tem que saber que é um evento muito bom, que vem assistir, mas também para fazer acontecer. Isso é outra diferença do nosso evento. Grandes pessoas circulam e fazem esse trabalho de concierge, que é muito importante.
Agora que o evento está mais consolidado, ainda há obstáculos a serem superados?
A gente vai ter de ver como serão as próximas edições, com a reforma do cais. Mas temos planos de continuar e crescer ali. Teremos de avaliar com o governo e o novo licitante. Em breve poderemos integrar com a Usina do Gasômetro e outras partes da cidade, pegando o estilo do SXSW. A intenção é conectar startups com empresas e promover uma mobilização ainda maior da cidade. Inovação vem com colaboração, e o South Summit Brazil é feito pela colaboração. É puxado colocar um evento desses de pé, a gente escuta, acata sugestões, tem coisas que não vão dar certo este ano, para melhorar no próximo. Afinal, não é um sistema que roda todo dia. O lado bom de fazer onde fazemos é conectar com o externo.
O Rio Grande do Sul mostra uma veia inovadora há bastante tempo. Como o Estado aparece no mapa nacional?
Estamos vendo muitas iniciativas nos polos tecnológicos e inovadores instalados em diversas cidades, com ações muito bem estruturadas. O que está acontecendo em Passo Fundo é um case bem legal, mas não só lá: temos iniciativas em Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Pelotas, Lajeado, entre outras cidades. São pelo menos 10 ou 11 locais despontando com coisas legais. E é bacana que essa vibe positiva ajuda a ser catalítico. Em um lugar a iniciativa vem de uma universidade, em outro é empresa, ou instituto, ou prefeitura, mas sempre tem as hélices que reúnem entidades públicas e privadas no mesmo objetivo. Todo mundo está construindo junto. O governo e a prefeitura, por sua vez, sempre pensam no impacto social.
E de que forma o South Summit se conecta com esse impacto social?
Ele tem em seu cerne um conjunto muito grande de ações sociais. Não é o ESG de papelzinho na parede — embora também cumpramos uma série de parâmetros: zeramos carbono, não utilizamos nada de plástico e é tudo reciclado. Sai até mais caro, mas também remete à questão da responsabilidade de gerar referência. Temos, também, a inclusão de startups da favela, um trabalho em conjunto com a Central Única das Favelas (CUFA) e várias entidades gaúchas e até de fora do Brasil.