Logo na abertura de sua palestra, em Porto Alegre, nesta quinta-feira (21), John Elkington narrou a satisfação de estar na cidade que seria a terceira edição do South Summit e com referência a tempestade ocorrida na madrugada anterior revelou que ganharia tempo para abordar soluções.
— Depois da tormenta de ontem não precisarei explicar a ninguém o que é a mudança climática — resumiu.
No palco Arena, estava aquele que é considerado uma das maiores autoridades mundiais em responsabilidade econômica e sustentabilidade nos negócios, segmentos em que atua desde a década de 1980, quando a visibilidade e a urgência da temática ainda não eram tão abrangentes. Com base na frase dita em uma reunião em 2020, no auge da pandemia, em uma grande instituição financeira da Inglaterra, o pesquisador britânico deu o recado:
— Parem de falar e comecem a agir, imediatamente.
O alerta feito em Londres, há quatro anos segue mais ressonante do que nunca. E, segundo o guru do tripê da Sustentabilidade, a inovação tem espaço de sobra para contribuir com soluções.
Em um dos exemplos, ele cita o crescimento de relatórios corporativos de impactos ambientais. O que há duas décadas apenas poucas empresas praticavam é hoje uma realidade e, mais do que isso, obrigação das maiores companhias do mundo.
Muito disso é fruto da onda ESG (meio ambiente, social e governança, na sigla em inglês), argumenta. Mas emenda e complementa afirmando que é necessário processar esses dados. Para isso, nada melhor do que o momento atual em que o rápido desenvolvimento da Inteligência Artificial (AI) abre caminhos antes inexistentes a serem explorados.
Com uma metáfora que apresenta a versão CSO (chefe de sustentabilidade, na sigla em inglês) da boneca Barbie, ele revela ser uma conquista que atualmente exista essa função na alta escala dos cargos executivos. Mas ressalva que isso por si só não basta.
De acordo com o palestrante que tem mais de 20 livros publicados sobre o tema há ainda uma necessidade latente de "regeneração". Ele aplica o termo não só ao meio ambiente, mas aos líderes políticos e lembra que em 2024 mais de 2 bilhões de eleitores vão as urnas no planeta. Dessas escolhas depende o futuro da pauta, diz.
— Em muitos locais pede-se que não se fale em política, eu não voto nos Estados Unidos, mas se votasse não escolheria (Donald) Trump. Ainda que ninguém aqui participará das eleições lá, é bom ficar de olho no que acontece — comenta.
A frase, explica, se refere ao fato de empresas e governo norte-americanos terem despejado trilhões nos últimos anos para catapultar a agenda ambiental, assim como a comunidade Europeia e as mudanças de perfil, opina, podem alterar também o fluxo de investimentos.
Ao se considerar um otimista, Elkington, que também se define como um Baby Boomer (geração que questionava os sistemas e desaparecerá até 2040) diz que uma de suas zonas de interesse é antecipar como as próximas gerações, unidas pela inovação, vão introjetar a nova agenda, mas faz uma previsão:
— Nós próximos 10 anos veremos muito mais acontecendo do que nos últimos 50.