O primeiro dia de greve no transporte público de Esteio, na Região Metropolitana, impacta a rotina de milhares de pessoas. A paralisação teve início na manhã desta segunda-feira (26) em frente à garagem das empresas de ônibus.
Entre as reivindicações dos trabalhadores, estão aumento salarial, adicional de dupla função e vale-alimentação. A Viação Hamburguesa (transporte municipal) e a Real Rodovias (intermunicipal) alegam dificuldades financeiras decorrentes da pandemia e da concorrência de outros meios de transporte, que causaram queda no número de passageiros.
Com o início da greve, viagens deixaram de ocorrer, afetando a circulação dentro da própria cidade ou no deslocamento até Porto Alegre.
À tarde, a Viação Hamburguesa acionou o Poder Judiciário para pedir a aplicação de multa diária de ao menos R$ 3 mil ao sindicato dos rodoviários. Segundo a empresa, os percentuais mínimos de funcionamento do serviço fixados pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) foram descumpridos.
No domingo (25), o desembargador Alexandre Corrêa da Cruz determinou que fossem mantidas, no mínimo, 35% das viagens nos horários de pico (das 5h30min às 8h30min e das 17h30min às 20h30min) e 15% nos outros horários.
Na petição, a Viação Hamburguesa alega que, no horário de pico da manhã, que em circunstâncias normais registra 80 viagens, foram permitidas apenas 18 (22,5%). Além disso, sustenta que seriam necessários nove ônibus para atendimento da ordem judicial, "entretanto o sindicato permitiu a saída de apenas seis carros".
O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de São Leopoldo e Outros, que representa os rodoviários de Esteio classificou os dados como mentirosos. De acordo com a entidade, o documento anexado ao processo não seria o mesmo apresentado anteriormente para a categoria.
— Os trabalhadores não são marginais e não estão à margem da lei. Atendemos todos os requisitos e a lei de greve, inclusive em respeito aos percentuais estabelecidos pelo TRT4. Os trabalhadores continuarão em greve até que chegue a proposta que atenda o interesse da categoria, que é a reposição do vale refeição no valor de R$ 30, proposta com aumento real e o retorno imediato do percentual de 15% devido à dupla função sobre o salário-base — disse Wilson Júnior Caetano, do comando de greve.
O representante sindical ainda argumenta que estão sendo seguidas todas "as orientações dos responsáveis pelo tráfego da empresa".
Sindicato rebate com questionamentos
O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de São Leopoldo e Outros apontou supostas práticas antissindicais, como "publicações ofensivas e ameaçadoras por parte poder público municipal" e "ameaças veladas de agentes 'à paisana'", que contariam, segundo o sindicato, com a participação da Guarda Municipal e de pessoas que teriam se identificado como "brigadianos".
A entidade pediu ao TRT4 que a empresa de ônibus e a prefeitura de Esteio atuem em respeito aos trabalhadores e ao comando de greve, sob pena de multa de R$ 6 mil. Além disso, que Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal e Polícia Federal sejam autuados para apuração de violações contra atos antissindicais e crimes contra a organização do trabalho.
A equipe de reportagem de GZH entrou em contato com o poder público municipal e a Brigada Militar em busca de posicionamento sobre as acusações, mas, até o momento, não obteve retorno.