Ao menos 60 moradores do condomínio Alto São Francisco, no bairro Rubem Berta, seguem sem saber quando voltarão para casa. Seus apartamentos ficam próximos de onde houve uma explosão, na madrugada da quinta-feira (4). O acidente teria sido causado por um vazamento de gás.
Na manhã desta sexta (5) seis das 22 torres do condomínio residencial ainda tinham o acesso bloqueado. As de número 10 e 9, que compõem o prédio onde houve a explosão, estão interditadas por tempo indeterminado, pois ainda há o risco de desabamento. Já as torres 7, 8, 11 e 12 só podem ser acessadas com o auxílio da Defesa Civil, para a retirada de pertences.
Parte das pessoas afetadas está abrigada nas casas de vizinhos ou familiares. Mas 13 moradores, de duas famílias, passaram a noite no salão de festas do condomínio, com colchões e alimentos doados.
— Foi terrível. Dormi no chão. Eu não desejo isso nem para o meu pior inimigo. A gente ficou ali só minha filha e meu filho. Meu neto e minha filha pequenininha. Além de outra família — afirma a dona de casa Daiane Santos da Silva, 39 anos.
A Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) chegou a oferecer vagas na rede de acolhimento, mas a proposta foi recusada.
Quem mora nas demais torres já está podendo utilizar os apartamentos. No entanto desde o dia anterior, o gás está cortado, por ordem da Defesa Civil. Mesmo estando em casa, muitas não estão tranquilas, pois temem que o problema se repita.
— O medo é muito grande ainda, porque a gente não tem resposta. Não deu pra dormir hoje. A minha esposa tá com um trauma muito grande, ela mais acordava do que dormia. Eu não tenho cabeça pra ficar e a minha esposa também não. Ainda mais vendo nossos amigos que perderam tudo — conta o autônomo Leandro Bobel, 27, que passou a noite no próprio apartamento.
Logo após a explosão, na madrugada de quinta, oito pessoas foram socorridas pelo Samu, com ferimentos. Uma outra também procurou atendimento, totalizando nove feridos, incluindo dois bombeiros. Dois moradores seguem hospitalizados, em estado grave, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Cristo Redentor.
Laudo sai no sábado
Um laudo deve ser emitido neste sábado (6) pela empresa de engenharia contratada pelo condomínio. O documento vai apontar, entre outras coisas, a segurança dos prédios ao lado da estrutura atingida, para determinar um possível retorno dos moradores. A tendência é que a unidade onde houve a explosão siga interditada.
Funcionários da empresa Tenda, construtora do condomínio, seguem realizando vistorias para identificar possíveis falhas na tubulação de gás e avaliar a viabilidade da reconstrução das partes danificadas. O Instituto-Geral de Perícias segue analisando as causas do vazamento.
O condomínio estava sem gás e passou por um reabastecimento horas antes da explosão. A empresa Consigaz, responsável pelo fornecimento do combustível, se manifestou através de um representante, que preferiu não se identificar. Segundo ele, o abastecimento antes do acidente se deu por demanda do condomínio, e ocorreu sem qualquer problema. A empresa afirma ainda que está colaborando e aguarda o resultado do laudo com as causas do incidente.