Crianças chorando, calor, moradores dormindo em colchões e pedidos de resolução: esse é o cenário do salão de festas do condomínio São Francisco, no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre. Um dos prédios foi atingido por uma explosão no início da madrugada desta quinta-feira (4).
Durante a manhã, a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) contabilizou 99 moradores fora de casa, já que os blocos tiveram de ser evacuados e isolados pelo risco de desabamento informado pelo Corpo de Bombeiros. Ao longo do dia, contudo, algumas pessoas se deslocaram para a casa de parentes. A Fasc diz que realiza orientação para moradores que queiram buscar Centros de Referência de Assistência Social (Cras).
Os moradores se queixam da falta de definição. A maior parte, presente no salão de festas, era moradora da torre 10, epicentro da explosão e que, segundo o Corpo de Bombeiros, corre risco de desabamento. É o caso da venezuelana Alba Cabello, 47 anos.
— Minha família toda morava na torre 10, mas em diferentes apartamentos. O apartamento de uma das minhas filhas foi um dos mais atingidos. Nós estamos aqui porque não temos para onde ir. Mais cedo, nos disseram que iríamos para abrigos públicos, mas nós não queremos isso — conta Alba.
Diversos moradores têm receio de não ter onde passar a noite. É o caso de Anderson Daniel Marques, 30 anos, que residia na torre 16.
— O administrador da empresa de síndicos prometeu que ia tirar nós daqui, as famílias daqui. Nós vamos ficar aqui até ele solucionar o problema. Eu tô aqui, eu tô sem banho, sem comer nada. Não tem ninguém da construtora Tenda aqui — queixa-se Anderson.
Por volta das 17h50min, representantes da Fasc e da Secretaria de Desenvolvimento Social chegaram ao condomínio. O presente da Fasc, Cristiano Roratto, explica:
— É um direito das pessoas não aderir às vagas de albergues ou às vagas de pousada, enfim. É de responsabilidade primeira da empresa (construtora) ofertar condições de acolhimento para quem não puder ficar aqui e não tiver condições. Mas a gente segue com as vagas em pousada abertas.
Procurada pela reportagem de GZH, a construtora Tenda, responsável pela obra do condomínio, diz por meio de nota que aguarda resultado de perícia para avaliar o que aconteceu, mas garante que o prédio foi inspecionado e recebia a manutenção que era de responsabilidade da construtora.
*Produção: Maria Stolting