A prefeitura de Porto Alegre diz que a falta de luz em uma estação de bombeamento agravou os alagamentos registrados na terça-feira (2) na cidade. O problema teria acontecido na casa de bombas do bairro Navegantes. Por causa disso, o Executivo deve pedir uma reunião com a CEEE Equatorial, responsável pelo abastecimento de energia elétrica na Capital, para cobrar prioridade às demandas do município.
Segundo a companhia de energia, nenhuma falha foi identificada na rede elétrica e foi constatado defeito interno nas instalações, de responsabilidade da prefeitura (leia mais abaixo).
Com chuva intensa durante cerca de uma hora na terça, ao menos 14 vias da cidade tiveram bloqueios por causa de alagamentos. Em alguns pontos, principalmente na Zona Norte, a água levou horas para escoar.
Em manifestação por meio da rede social X, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, afirmou que o problema no bombeamento contribuiu para a suspensão parcial da operação do trensurb. A circulação de trens entre as estações Mercado e Farrapos foi interrompida na tarde de terça por um alagamento nas proximidades da estação São Pedro.
Melo já tinha cobrado que a CEEE Equatorial priorizasse o restabelecimento de energia nos equipamentos do Dmae em dezembro, quando parte da Capital ficou sem água. Na noite de terça, ele escreveu: "Nossa gestão é do diálogo, e temos buscado construir governança colaborativa com a Equatorial. Mas esgotamos as possibilidades e é urgente mais atenção e prioridade na resolução das demandas da cidade".
O diretor-geral do Dmae, Mauricio Loss, sugeriu que a concessionária pode ser acionada judicialmente.
— Nós estamos sempre em contato, mas se precisar apertar o cerco e cobrar via judicial, é a saída. A gente espera que não precise. De fato, houve uma falha na demora do atendimento de duas horas para deslocar uma equipe. O Dmae tem que ter uma prioridade diferenciada quanto a isso e tem que ter um atendimento muito mais rápido — disse Loss.
CEEE diz que problema era interno
Questionada pela reportagem de GZH, a CEEE Equatorial informou que esteve com equipe na estação de bombeamento do Dmae no bairro Navegantes. Segundo a empresa, nenhuma falha foi identificada na rede elétrica e foi constatado defeito interno nas instalações, de responsabilidade da prefeitura. Uma equipe de manutenção do próprio Dmae teria atuado depois no local e resolvido o problema, conforme a CEEE.
O diretor-presidente da Trensurb, Fernando Marroni, questiona a dependência do sistema da rede de energia.
— Nós fomos atrás da prefeitura para saber o que aconteceu, e eles informaram que estava sem luz. Mas toda casa de bomba tem que ter gerador. Porque sempre no momento de crise que falta energia e a bomba para, alaga tudo. As nossas bombas que estavam tirando a água do bairro, mas isso não é função nossa — explica.
A assessoria do prefeito Sebastião Melo informou que ele não vai se manifestar sobre o assunto além das publicações na rede social.
Outros problemas
Além dos pontos onde os alagamentos teriam sido agravados pela falta de energia, houve acúmulo de água em locais onde o problema já é considerado crônico, como as avenidas Sertório e Assis Brasil, também na Zona Norte. Nesse caso, o departamento informou que trabalha em obras de ampliação da casa de bombas Sílvio Brum, na Avenida Sertório, para melhorar o escoamento. No entanto, o diretor Mauricio Loss reconhece que, para que o problema seja resolvido, será necessário investimento maior:
— Esses problemas históricos não vão sanar, mas diminuir muito (com a ampliação da casa de bombas). A gente tem um diagnóstico de que precisaríamos em torno de R$ 4 bilhões para resolver o problema de macro e microdrenagem.