O primeiro trecho revitalizado do viaduto Otávio Rocha, no Centro Histórico de Porto Alegre, deve ser entregue no início de fevereiro. A informação é da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, que coordena a reforma iniciada em 2022.
Essa é a terceira vez que a estrutura sofre uma grande intervenção. As primeiras ocorreram em 1998 e 2010. O prazo de conclusão da atual é de 18 meses. Portanto, deverá durar mais quatro meses se o cronograma for respeitado.
No entanto, o titular da pasta, André Flores, não descarta a possibilidade de atrasos.
— Nós tivemos um setembro, outubro, novembro e dezembro muito chuvosos. A obra ainda está dentro do nosso cronograma, um pouco atrás dele, mas ainda é possível recuperar dependendo da quantidade de chuva que nós tivermos até maio. Mas é importante dizer que vamos ter entregas parciais antes: vamos começar a entregar um lado das escadas, as primeiras lojas, depois a calçada, mas a conclusão final deve ser em maio. Talvez seja preciso ajustar mais alguns dias — explica o secretário.
O cronograma deverá ser reavaliado nos próximos dias.
Essa não é a primeira vez que o calendário divulgado pela prefeitura sofre interferências. Em setembro do ano passado, à coluna do jornalista Jocimar Farina, a Secretaria de Obras e Infraestrutura informou que um dos lados do viaduto deveria ser entregue em dezembro, o que não aconteceu.
Desta vez, a expectativa é de que a escadaria que, neste momento, está totalmente bloqueada, seja liberada no início de fevereiro. Trata-se da que fica do lado direito de quem se desloca em direção à Esquina Democrática.
Segundo o secretário, assim que a primeira entrega ocorrer, a escadaria do outro lado do viaduto Otávio Rocha, que hoje pode ser percorrida pelos pedestres porque está parcialmente bloqueada, deverá avançar no serviço de impermeabilização.
— Nós vamos ter entregas parciais antes, né. Vamos começar a entregar um lado das escadas, as primeiras lojas, depois a calçada, mas a conclusão final deve ser em maio. Talvez seja preciso ajustar mais alguns dias. Vamos, nos próximos dias, atualizar o cronograma — explicou o secretário.
A promessa é de que, com a revitalização, os critérios de acessibilidade sejam atendidos. O investimento, já avaliado em quase R$ 15 milhões, ainda inclui um novo Plano de Proteção Contra Incêndios (PPCI), novas sinalizações viária, turística e comercial.
Impactos na circulação
Diariamente, milhares de pessoas circulam pela região e convivem com os impactos das obras. Com um lado do viaduto totalmente bloqueado, tanto no nível da Avenida Borges de Medeiros quanto na escadaria para acesso à Rua Duque de Caxias, só é possível percorrer áreas com movimentação limitada.
Falando em redução, Carlos Dutra, dono de uma banca, relata que as restrições na região acabaram afastando a clientela. Um elemento adicional à crise enfrentada pelo estabelecimento devido ao desinteresse pelas revistas nos últimos anos.
Apesar da expectativa pela conclusão dos trabalhos na região, o comerciante teme ser removido do local assim que a revitalização chegar ao fim.
Quem caminha pela Borges de Medeiros só tem um dos lados do viaduto à disposição. Isso porque o outro conta com tapumes instalados justamente para impedir a passagem dos pedestres. A sinalização existente indica a necessidade de atravessar a avenida. Ainda assim, muitos se expõem ao risco de atropelamento, seguindo pela própria avenida onde carros, motos e ônibus passam a todo momento.
— Tu vê até mulher com bebê no carrinho fazendo isso. É uma situação bastante perigosa — relata o confeiteiro Alésio Borges de Oliveira, que percorre o trajeto diariamente.
Pessoas com deficiência ou com dificuldades de locomoção também enfrentam obstáculos devido às obras. Nas proximidades da Rua Jerônimo Coelho, por exemplo, uma caçamba para coleta de entulho obstrui o passeio, fazendo com que os pedestres necessitem percorrer um pequeno trecho da própria avenida.
Apesar da sinalização existente no local para circulação exclusiva de pedestres, não há rampas ou estruturas para acesso à pista de rolamento e retorno à calçada.
Em meio aos impactos provocados pela revitalização do viaduto Otávio Rocha, está Clóvis Antônio Fernandes da Silva. Desde 1977, ele mantém uma banca de revistas na esquina da Borges com a Rua Coronel Fernando Machado.
— O fluxo caiu bastante. O povo vai para o outro lado e não compra aqui. Mas a obra tem que sair o quanto antes, a cidade precisa disso aí. Antes estava "atirado" demais esse viaduto.
O vendedor pondera que a sujeira na região acaba sendo inevitável por causa das obras e que os garis fazem a limpeza diariamente. Por isso, não reclama. A preocupação do seu Clóvis está no futuro, quando o viaduto for entregue à população.
— Na última reforma que fizeram, entregaram num dia e no outro estava tudo pichado — pontuou.