Um grupo de moradores da Restinga, na zona sul de Porto Alegre, tem convivido com o temor constante de inundações. Um valão de esgoto a céu aberto localizado na Rua Dr. Arno Horn costuma transbordar a cada pancada de chuva.
No último domingo (12), várias residências acabaram alagadas. O relato da comunidade é que esse mesmo cenário se repete há cerca de dois anos.
A água suja invadiu a casa da Vanessa Garcia. Mãe de um bebê de cinco meses e de uma menina de cinco anos, precisou se dividir entre os filhos e a tentativa de salvar os pertences da família.
— Do verão pra cá, a gente comprou máquina de lavar nova porque estragou, secadora nova porque estragou, fogão, geladeira e a gente tava com a casa montada de novo. E domingo perdemos tudo. Geladeira, balcão de pia, colchão, roupa, ficou tudo embarrado — relata a dona de casa.
Assim que o nível de esgoto baixou, várias pessoas se uniram em torno de uma organização não-governamental (ONG) para endereçar doações à família da Vanessa. Só que nesta quarta (15), com a continuidade das chuvas, a água voltou a subir.
— Não tem um dia certo que a gente sabe que pode dormir em paz. Todos os dias de chuva são preocupantes porque temos que ficar alertas.
Nos fundos do terreno, existe outra casa. É da cunhada de Vanessa, a Giovana, que mora com o marido e a filha. Apesar de ficar mais distante do valão, a residência também é alcançada pelo esgoto. Além disso, foi erguida numa parte onde a água acumula por mais tempo até secar, tornando a situação ainda mais insalubre.
— Os bombeiros e a Defesa Civil estiveram aqui, pediram pra gente sair porque não tem condições de ficar dentro de casa. Mas não tem como eu deixar as minhas coisas como estão ali, sem eu ficar sempre dando uma ajeitada, porque aí vou acabar perdendo o pouco que eu conquistei — comenta a manicure.
Em conversa com a direção da Cooperativa Esperança e Paz, que representa os moradores da Vila Nova Santa Rita há cerca de nove anos, foi informado que a área está em processo de regularização fundiária. Recentemente, foram instalados na rua postes de luz e a promessa feita pelo poder público municipal à comunidade é de que a rede de água e os hidrômetros devem ser instalados no início de 2024.
Questionada pela equipe de reportagem de GZH, a assessoria do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) respondeu que não é possível canalizar o valão que passa pela Dr. Arno Horn, na Restinga. De acordo com o Dmae, a rua precisa passar por uma grande obra de macrodrenagem, que será realizada somente após a conclusão do processo de regularização.
Segundo a cooperativa local, não há um prazo para que a regularização chegue ao fim. A expectativa dos moradores é que isso aconteça logo.