Três dias após rompimento de uma adutora na Avenida Sertório, zona norte de Porto Alegre, ainda há bairros afetados pelo desabastecimento de água. São pelo menos quatro, conforme última atualização desta quinta-feira (16). Partes do Cristo Redentor, Jardim São Pedro, Mário Quintana, Morro Santana, Rubem Berta e Sarandi já recebem água, mas com coloração escura e aspecto barroso.
A previsão do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) era de que o serviço fosse normalizado até as 20h desta quinta-feira. Contudo, até às 22h50min, ainda havia relatos sobre locais desabastecidos, como os bairros Morro Santana, Parque dos Maias, Jardim São Pedro e Jardim Lindóia. Segundo o órgão, no primeiro bairro listado, a situação era para estar totalmente normalizada nesta noite. Nos demais bairros, a situação deveria voltar ao normal ao longo da madrugada desta sexta-feira, conforme nova promessa fornecida depois das 22h.
Morador do bairro Jardim São Pedro, o representante comercial Clayton José da Rosa Rodrigues, 52 anos, contou que está sem água desde as 19h de segunda-feira (13). Rodrigues mora a duas quadras do local onde foi constatado o rompimento. Agora, a preocupação é com a retomada do serviço na região.
— É uma situação muito complicada aqui no bairro. Não houve aviso prévio do Dmae. São seis pessoas adultas aqui na casa e partimos para água mineral para fazer tudo. Foram três promessas de volta da água e nada. São três dias em que improvisamos para lavar a louça e tomar banho. Já usamos todos os utensílios doméstico, já que há uma indefinição muito grande — lamenta o morador.
Por conta da falta de água, 11 postos de saúde apresentaram problemas devido ao desabastecimento. Segundo a Secretaria de Saúde de Porto Alegre, as unidades Assis Brasil, Conceição e Parque dos Maias estão abertas, mas operavam com restrição no atendimento em razão da falta de água. Outras oito unidades da Zona Norte foram abastecidas com caminhões-pipa fornecidos pelo Dmae para manter o atendimento dentro da normalidade.
Treze escolas da Capital tiveram que reduzir e até mesmo suspender as atividades durante a manhã e a tarde de quinta. Parte delas, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação (Smed), também recebeu auxílio por meio de caminhões. Os colégios Décio Martins Costa, Illdo Meneghetti, Jean Piaget e Miguel Velasquez, além da creche Eugênia Conti estão entre os locais mais afetados.
Carime de Souza Kiener, diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Governador Ildo Meneghetti, disse, em entrevista ao programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, que um caminhão-pipa esteve no colégio para auxiliar no fornecimento de água, mas não foi o suficiente. A escola atende cerca de 1,3 mil alunos e nem todos os prédios possuem caixas d'água. Ainda conforme a diretora, não foi possível atender os estudantes em tempo integral e a escola não teve como fornecer alimentação no período de almoço.
— As aulas foram reduzidas na terça e hoje a gente não conseguiu servir alimentação para as crianças. A cozinha fez um esforço imenso para conseguir fazer um pão com guisado, mas para não utilizar talheres e pratos, demos um sanduíche e banana, que é a fruta que não precisa ser lavada — contou a diretora.
A previsão é de que tanto os serviços de saúde quanto as aulas voltem à normalidade a partir desta sexta-feira (17). Durante a manhã, o Dmae informou que não procede a informação de uma nova falta de água na Zona Norte, com duração de dois dias. Segundo o órgão, informações oficiais são divulgadas apenas nas redes sociais e site do Departamento.
Sobre a água com a cor alterada
Conforme o Dmae, o motivo para o problema persistir é a entrada de ar na rede de tubulação. O órgão aponta que a situação pode ser solucionada através da abertura de hidrantes e que a população deve informar as localidades afetadas através do telefone 156.