Porto Alegre tem ao menos 117 pessoas fora de casa. Atualização da Defesa Civil da Capital divulgada às 17h desta terça-feira (26) apontou que a régua manual da Ilha da Pintada marcava 2m50cm no Guaíba, 30 centímetros acima da cota da inundação. Pela manhã, o nível superava a cota em 26 centímetros — ou seja, a água continua subindo.
Conforme a prefeitura, no início da noite havia 32 pessoas acolhidas na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Ilha da Pintada, e outras 37 no abrigo da Escola Estadual Alvarenga Peixto, na Ilha dos Marinheiros, além de 48 indígenas no Centro Social Padre Pedro Leonardi (CSPPL), na Restinga.
Mas um novo problema é que a água também chegou no colégio Alvarenga Peixoto — o pátio, onde está montada a base móvel da Defesa Civil, está completamente alagado, e o nível da água chega aos joelhos em alguns pontos. Com a subida do Guaíba, a água tem voltado pela rede pluvial. O pavimento onde fica a diretoria alagou. Apenas os dois pavilhões onde estão as cerca de 40 pessoas acolhidas não foram alcançados.
Na Ilha da Pintada, há pontos que só podem ser atravessados de barco, como a Avenida Nossa Senhora da Boa Viagem e a Avenida Getúlio Vargas, onde a reportagem de GZH observou famílias deixando suas casas ao longo da manhã.
— Pegamos nossas coisas e estamos saindo. A água ainda não invadiu, mas está tomando conta da rua e, se continuar chovendo assim, vai entrar na nossa casa — disse um morador que caminhava sobre a rua inundada e sob uma pancada de chuva, carregando seus pertences ao lado da esposa.
Nem mesmo a Defesa Civil consegue passar em todos os pontos da ilha com suas viaturas. Ao longo do dia, pessoas ilhadas estão recebendo donativos transportados nas embarcações com auxílio de voluntários.
Na Rua Tupinambara, onde não há bocas de lobo, a água da chuva ficou acumulada entre as casas.
— Toda vez que chove, acontece isso. Não tem para onde escorrer e a água entra nas casas. A minha, tive que construir maior para evitar isso — afirma o motorista Sergio Dutra, 55 anos.
Homens ficam para evitar furtos e espantar ratos
Já na Ilha dos Marinheiros, a Avenida João Inácio da Silveira foi inundada em quase toda extensão. O segurança André Gonçalves Rosa trabalha cuidando de uma casa de dois andares que está em construção na avenida. Na frente da obra, mora a irmã dele. Como a água subiu muito nas últimas horas, a solução foi abrigá-la no andar de cima da construção.
— Cada vez mais, só aumenta a enchente. A minha irmã saiu de casa e colocamos tudo aqui. Viemos todos pra cá. Colocamos os cachorros e os gatos aqui também — afirma André.
Na Rua Nossa Senhora Aparecida, que se estende par todo o lado norte da Ilha dos Marinheiros, o Guaíba tomou conta. A reportagem de GZH navegou pela via com auxílio do reciclador Ledérson da Rosa, 35 anos. Junto de alguns amigos, ele tem feito o transporte de famílias que precisam se deslocar para buscar terra firme.
Apesar de muitas mulheres e crianças terem saído das casa, homens têm ficado. O objetivo é prevenir furtos, mas também espantar ratos.
— A situação está triste, o vento também está segurando muito a água. Já está quase 10 dias assim, alagado — diz Léderson.