O antigo sonho de ampliar o sistema de transporte ferroviário de passageiros na região metropolitana de Porto Alegre voltou à pauta na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Nesta segunda-feira (21), foi inaugurada a Frente Parlamentar pela Implantação da Linha Nordeste da Trensurb.
Hoje, o modal tem 43,8 km de extensão, interligando os municípios de Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo. A ideia é incluir Alvorada na próxima etapa de expansão.
De acordo com a Trensurb, o projeto original prevê um trecho adicional de 16,6 km e 11 novas estações. A conexão com o sistema existente ocorreria junto ao aeroporto Salgado Filho, na Capital. Os trens passariam a circular por boa parte da Avenida Assis Brasil, passando pela Av. Baltazar de Oliveira Garcia até chegar em Alvorada, por onde seguiriam pela Av. Presidente Getúlio Vargas rumo ao centro da cidade.
O plano a operação dos trens numa via elevada, de forma semelhante ao que ocorre em São Leopoldo e Novo Hamburgo. O custo previsto para a ampliação beira os R$ 6 bilhões. Apesar da necessidade de um investimento pesado e de ainda não haver qualquer garantia sobre a captação desses recursos, a administração da Trensurb acredita que é possível tirar o sonho, pelo menos, do campo da idealização.
— É um projeto bem pensado anos atrás e que, por não haver investimentos no modal ferroviário brasileiro, ficou abandonado. Só que a possibilidade do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal, novos investimentos em mobilidade e essa janela de transição energética nos animam a colocar em pauta, novamente, o Eixo Nordeste da Trensurb — argumenta o diretor-presidente Fernando Marroni.
A frente parlamentar foi proposta pela deputada estadual Stela Farias (PT). Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, desta segunda-feira, ela explicou que a iniciativa vai ao encontro da "agenda verde", tendo em vista que se trata de um modal movido a energia elétrica.
— Tu vê uma agenda que te obriga, tu vê recursos sendo captados e que estão chegando, que vão chegar ao nosso país e em tudo que é parte do mundo. Mais do que nunca, a gente precisa buscar se inserir nesta agenda. Essa é a proposta da frente parlamentar: se articular, se inserir no debate, sem vender ilusões. É uma obra de porte magnânimo, não é barata e nem para acontecer num estalar de dedos — ressalta a deputada Stela Farias.
Próximos passos
A administração da Trensurb explica ainda que o próximo passo deve ser buscar junto à União, através dos deputados federais, recursos para realização de um estudo de viabilidade econômica e impacto ambiental. O diretor-presidente Fernando Marroni acredita que é possível concluir essa etapa até 2024.
— Pretendemos encerrar o estudo até meados do ano que vem. Isso é possível fazer. Mas não tenho como definir prazos para captação de recursos para obra e até a definição de como ela vai acontecer. Vai depender muito da articulação política do Estado junto à União.
A Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) esteve representada pelo diretor-superintendente Francisco José Soares Horbe, que alertou para a necessidade de uma integração institucional em torno do assunto:
— Em 1995, 1996 e 1997, o governo federal elaborou o projeto da linha 2 do metrô, que passava pela Avenida Assis Brasil. Em 1996, a prefeitura de Porto Alegre criou o projeto Norte-Nordeste, que passava pela Assis Brasil. E o governo do Estado, em 1997, idealizou a Linha Rápida, que também passava pela Assis Brasil. Nenhum deles se conversaram. Se colocassem um projeto sobreposto ao outro, as estações eram todas diferentes. E na época gastaram R$ 7 milhões. Esse foi um exemplo de 26 anos atrás, mas vou dar um do ano passado: a prefeitura contratou um estudo de mobilidade urbana, a Trensurb contratou um estudo de mobilidade urbana e o governo do Estado está contratando um estudo de transporte para realizar licitação. Ninguém está conversando. Nós temos que unificar — cobra Horbe.
O projeto original desenvolvido pela Trensurb inclui no horizonte de expansão, após a conclusão do trecho até Alvorada, as cidades de Cachoeirinha e Gravataí. Não se descarta ainda, segundo a direção da empresa pública, a integração de Viamão pelo eixo da Zona Norte de Porto Alegre.