Natural de Porto Alegre, criado no bairro Medianeira, o artista plástico Marcus Vinicius Zapelão, 37 anos, ganha a vida construindo réplicas daquelas que são consideradas a segunda casa dos amantes de futebol: os estádios.
De primeira, o artista ressalta que amigos e conhecidos estranham ao chamá-lo pelo nome, já que o prefere ser tratado pela alcunha de "Sonic", em referência ao personagem dos videogames e desenhos animados.
— Como tenho um nome composto, na escola era chamado de Marcos, e em casa era Vinicius. Chegou um momento em que resolvi acabar com essa "confusão" e unifiquei. Como tinha o cabelo espetado, adotei o apelido Sonic. E isso virou uma marca — explica.
Ainda que faça maquetes desde a infância, foi durante a pandemia que o negócio ganhou destaque e passou a ser o carro-chefe do artista. Ele lembra que o ponto-chave para investir nesse trabalho ocorreu de maneira inusitada.
— Eu costumava focar na produção de camisetas pintadas à mão. Até que, em 2020, durante a pandemia, montei uma maquete do Estádio do Arruda, do Santa Cruz (de Pernambuco), e enviei pela internet ao cliente. De repente, muita gente lá do Nordeste passou a fazer contato comigo e pedir informações — recorda.
De lá para cá, o número de produções aumentou consideravelmente. No período, Sonic estima já ter feito mais de 60 maquetes. Por outro lado, mesmo que o negócio tenha ganhado corpo, todo o processo de criação ainda é artesanal e boa parte dos materiais utilizados são reciclados.
— Eu compro as tintas, geralmente acrílica ou de tecido. Mas também tem muito material reutilizado. Às vezes, aproveito coisas que encontro na rua, como tampas, plásticos, papelão. Eu costumo dizer que não existe "jogar fora", porque tudo fica dentro do planeta. Então, com minha arte tento dar nova utilização para esses materiais — diz.
Por coincidência (ou não), a rua onde fica a casa de Sonic reserva uma vista panorâmica do Estádio Olímpico, um dos que ele, de coração gremista, possui no acervo pessoal. Além disso, ainda fica próxima de onde existia o antigo Estádio da Montanha, que pertenceu ao Cruzeiro e hoje abriga o Cemitério Ecumênico João XXIII. Segundo o artista, esse simbolismo o motiva:
— Gosto de pensar que moro perto de dois estádios que estão mortos, desativados, então acabo dando vida a eles e outros por meio da minha arte.
O trabalho de Sonic pode ser acompanhado pelo Instagram, clicando aqui. Os valores das maquetes variam de acordo com cada projeto e com o material utilizado.