Em uma tarde fria de domingo (11), às vésperas do Dia dos Namorados, o Jardim do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) recebeu mais uma edição da Feira Vegana. O tempo nublado e as temperaturas por volta de 14°C não espantaram o público, que contou com visitantes não só de Porto Alegre, mas também da Região Metropolitana.
Realizada desde 2014, a Feira Vegana deste domingo contou com 22 expositores oferecendo não só alimentos veganos — cervejas artesanais, doces e salgados, pães, tortas etc. —, mas também produtos cosméticos e de higiene pessoal, entre outras opções, além de bancas com artes e artesanatos. Nesta edição, também havia um serviço de massagem para os clientes, além de uma banca com pães e burgers à base de ora-pro-nóbis.
Era possível observar vários itens com a temática do Dia dos Namorados — como queijo vegano em formato de coração —, além de casais circulando pelo espaço. Um aquecimento para esta segunda-feira (12).
Uma das finalidades do evento era obter fundos para os quase 300 animais resgatados pela ONG Movimento de Defesa Animal do RS. Também houve arrecadação de alimentos não perecíveis, destinados a pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Entre os expositores da feira estava Rodrigo Felipe Flesch, responsável pelo Colono Vegano, especializado em queijos. Há três anos, defende a proposta de chegar aos sabores semelhantes aos queijos tradicionais com o trabalho de fermentação. Morador da região rural de Taquara, ele conta que parte dos ingredientes são plantados no sítio. Suas vendas ocorrem pelo Instagram e uma vez por semana ele vem à Capital fazer as entregas.
Para Flesch, a feira é uma excelente oportunidade para trazer novidades e opções sustentáveis, além de expor alternativas para o futuro.
— Sou vegano há cinco anos, e, de lá para cá, aumentou o número de pessoas e empresas oferecendo serviços sem origem animal. É um mercado que está em constante evolução no mundo inteiro — destaca o expositor.
Outra expositora era Maíra Rodrigues de Azevedo, que com a sócia Evelyn Chalmers mantém a Mai Cake Veg. Neste domingo, elas optaram por só vender cookies e brownies — o empreendimento costuma trabalhar com chocotones, tortas, bolos, cupcakes, entre outras opções. Atendem tanto pelo Instagram quanto pelo iFood, mas as encomendas e feiras são o carro-chefe do negócio.
Conforme Maíra, feiras veganas abrem muitas portas para as pessoas conhecerem produtos diferentes, que não têm origem animal.
— Aqui no Dmae é um ambiente bonito e acolhedor. Com várias opções de expositores e produtos, as pessoas conhecem essa diversidade — aponta. — Às vezes, as pessoas podem ter algum preconceito com alimentos veganos, ou realmente não conhecem, mas têm essa curiosidade. Há opções para intolerantes à lactose ou ao glúten, então a feira consegue abranger diversos públicos.
Entre os visitantes, havia gente de fora de Porto Alegre. O casal formado por Maiara Osório e Leonardo Fagundes, ambos de 31 anos, veio de Viamão. Os dois aproveitaram muito bem: compraram tortas, doces, esfihas, pastel de soja, pãozinho de soja, queijo, cookies, enfim, um rancho.
Maiara é vegetariana há dois anos e vê a Feira como uma oportunidade para conhecer diferentes opções veganas:
— Quando começamos a entrar nesse mundo, seja vegetariano ou vegano, pode-se pensar que se tem opções limitadas de alimentação. Acha que vai ser muito restritivo, mas acaba conhecendo novas receitas, novas opções, e descobre que não, é muito aberto.
A Feira Vegana também pode ser um programa família. Por exemplo, lá estavam Luiza Kronbauer e sua mãe, Siomara — ambas moradoras do Bom Fim. As duas são veganas há 10 anos.
A mãe ensinou a filha a ser vegetariana, mas, durante a adolescência, Luiza convenceu a mãe a aderir ao veganismo. Neste domingo, elas levaram queijos e produtos para lanches, almoços e jantares. As duas já foram expositoras na feira, quando vendiam risoto e pães.
— Aqui na Feira Vegana não é só a comida. Essa sacolinha que estou levando, por exemplo, é biodegradável. Tudo é pensado aqui para essa questão ecológica e da nossa sobrevivência. Principalmente contra a crueldade animal — explica Siomara.
A filha complementa:
— Acho muito legal esses eventos para difundir esse conhecimento e para que mais pessoas tenham acesso, principalmente estando em espaços público, se aproximando das pessoas.
Siomara arremata:
— E essa ideia de que a comida vegana é ruim ou não tem gosto, não é bem assim. —Há um mundo de possibilidades e de muita qualidade.