Um deslizamento de terra atingiu duas casas no bairro Aparício Borges, na zona sul de Porto Alegre, na madrugada desta sexta-feira (16), em consequência do temporal que atinge o Rio Grande do Sul. O incidente ocorreu no Beco Guajuviras, paralelo à Rua Agulhas Negras. Um dos imóveis, com quatro peças de madeira, ficou parcialmente soterrado, restando apenas uma parede e o banheiro de alvenaria de pé. Na segunda residência, de alvenaria e logo abaixo da mais prejucada, a parede da cozinha cedeu e a parte frontal está rachada. Nove pessoas, sendo quatro adultos e cinco crianças, conseguiram escapar dos imóveis. Duas mulheres tiveram ferimentos leves nas pernas.
A situação no local, ocupado por diversas casas, preocupa os demais moradores. O deslizamento destruiu a escadaria do beco que combinava pedra, cimento e saibro. Pedras grandes e areia correram viela abaixo por cerca de 30 metros. Na parte em que cedeu, o morro tomou aspecto movediço e o beco parece um riacho, com água correndo do topo. Há pelo menos dois imóveis que estão acima do ponto de deslizamento, no pico do morro, com risco de novo incidente.
A casa mais atingida foi a do casal Tassia Antônia Moura da Silva, de 30 anos, e de José Luís Rodrigues Inácio, de 31 anos. Eles estavam em casa com os cinco filhos, com idades entre 1 e 11 anos, quando o imóvel começou a ser invadido pela água em torno da 1h30min. Eles chegaram a secar a parte interna, mas houve um primeiro deslizamento às 2h30min. Um roupeiro caiu sobre a perna de Tássia. Com a moradia parcialmente destruída, eles não conseguiram chegar até a porta. Luís precisou quebrar o que restou de uma parede de madeira para escapar com a família beco abaixo.
— Tiramos as crianças e gritamos por socorro. Logo depois que saímos, deslizou o resto. Perdemos tudo. Está tudo ali embaixo — diz Tassia, com o semblante choroso, apontando os escombros.
Eles estão temporariamente acomodados na casa de familiares que fica na Rua Agulhas Negras, via de acesso ao beco.
A segunda casa atingida foi a do casal Raquel da Silva Rodrigues, 51 anos, e Zuriel Figueiredo Nunes, 53 anos. Eles relatam que, desde 23h de quinta-feira (15), começaram a perceber alagamentos no imóvel. Pelas 2h30min, a parede da cozinha “estourou” e uma mistura de água e barro começou a subir.
— Pegamos cachorro, TV e roupa e saímos. As pedras estavam rolando quando chegamos no beco, uma me pegou na perna — relata Raquel.
Ela estava com seu carro no beco, junto à escadaria, e conseguiu fazer o veículo descer a viela.
Raquel, na manhã desta sexta-feira, tomou um café na casa da irmã, na vizinhança, mas não há espaço para ela permanecer por ali. Até a publicação desta reportagem, ela e o marido estavam sem ter onde se abrigar. Moradores relatam que ainda não tinham sido atendidos por Corpo de Bombeiros ou Defesa Civil.