As empreendedoras de brechó que atuavam nas ruas do centro de Porto Alegre agora possuem um novo espaço para ofertarem seus trabalhos. A Unidade de Fomento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Smdet) organizou, em meados de janeiro, uma estrutura para uma nova feira de brechó, localizada ao lado do Chalé da Praça XV de Novembro, no Centro Histórico. A feira ocorre todas as quartas-feiras, das 11h às 15h.
Na grande maioria das vezes, as feirantes já chegam com suas vendas finalizadas ou, pelo menos, encaminhadas, e não costumam lidar com dinheiro vivo — prezando pela segurança e garantia da venda e do trabalho como um todo. Vale destacar que a prefeitura, através da Smdet, oferece a infraestrutura do local e um suporte às feirantes, mas a organização em si ocorre pelas próprias empreendedoras.
De acordo com o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Porto Alegre, Douglas Martello, a iniciativa visa oferecer um espaço adequado e formal às empreendedoras:
— Muitas delas estavam distribuídas pelo centro de forma irregular, sob o risco da fiscalização, então queríamos uma formalidade para isso. E o local, em si, foi escolhido muito em virtude do alto fluxo de pessoas que transitam por ali.
O espaço, que conta com cerca de cem feirantes por edição, está operando em fase de teste até o fim deste mês. Após isso, a prefeitura irá avaliar o desenrolar do projeto e, a partir daí, a ideia, segundo Douglas, é que a feira siga ocorrendo em breve, seja no mesmo local ou reposicionada em outro ponto do Centro Histórico.
Resultados
Na visão de Douglas, algumas das metas estabelecidas pela Smdet já estão sendo atingidas com a iniciativa:
— Tivemos uma alta adesão por parte das empreendedoras de brechó, mais de 80% das mulheres cadastradas em nossa listagem aderiu à proposta do modelo para a feira. Estamos contentes com estes números.
Empreendedoras mais seguras e satisfeitas
Uma das empreendedoras atuantes na feira de brechó, Fernanda Alves Mackias da Rosa, 27 anos, que trabalha junto com sua mãe, Rita Jocelene da Silva, comenta como é realizado seu trabalho:
— Nós procuramos peças em garimpos, feiras beneficentes e também peças que seriam descartadas pelas pessoas. Tomamos o cuidado de escolher peças sem avarias, sem manchas e em bom estado para regularizar. Após a escolha das peças, nós fizemos a higienização e tiramos fotos para publicar nas redes sociais como Facebook e Instagram. Depois, a postagem fica à disposição de quem quiser comprar.
Fernanda conta, também, que, antes da prefeitura disponibilizar um lugar para as empreendedoras realizarem parte de seu serviço, elas faziam as entregas pelas ruas da cidade. Questionada, então, sobre os benefícios trazidos pela feira, Fernanda respondeu:
— Essa iniciativa nos pegou de surpresa, pois não esperávamos uma ajuda tão grande da prefeitura. Com essa iniciativa, muitas empreendedoras que têm somente a renda do brechó para sustentar suas famílias conseguiram ter um aporte seguro para fazer suas entregas com mais dignidade.
Já a feirante Angela Maria de Souza, 67 anos, que trabalha nesta área há três décadas, conta que enfrentou diversos problemas desde antes da pandemia, tendo, inclusive, que fechar o brechó que possuía na Zona Sul. Segundo ela, nos últimos anos, precisou se adaptar ao mundo digital para realizar as vendas de forma online, o que facilitou o fluxo de vendas.
— Assim, não lidamos com dinheiro na feira, chegamos lá com as vendas já concluídas — comenta.
Orgulho
Extremamente gratificada pela iniciativa da feira de brechó, Angela enaltece o trabalho das empreendedoras:
— Brechó é um trabalho árduo. Nossa profissão realmente precisa ser vista e valorizada, com um lugar apropriado para que possamos trabalhar dignamente. Algumas pessoas têm a visão de que brechó trabalha com roupas sujas e velhas, mas não. Toda mercadoria do brechó é limpa, higienizada e sem avarias. São roupas que podemos ofertar em perfeito estado, sem serem jogadas fora e acabarem prejudicando a natureza.
Ela completa, orgulhosa, dizendo:
— Acaba sendo uma corrente do bem, pois ajudamos quem compra, os garimpos, a nós mesmos e à própria natureza.
Produção: Leonardo Bender