Há pelo menos R$ 10,6 milhões em investimentos encaminhados pela prefeitura para recuperação de vias e qualificação dos espaços de ciclismo em Porto Alegre. O recurso, no entanto, ainda não tem data para sair dos cofres e ser convertido em obras — o Executivo afirma que mantém diálogo com diferentes setores antes de divulgar os locais que receberão melhorias.
Além disso, contrapartidas de investimentos privados também podem influenciar a malha cicloviária da Capital nos próximos meses. O objetivo da administração municipal é entregar 23 quilômetros de pistas exclusivas para bicicletas na cidade até o final de 2024.
Segundo o titular da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU), Adão Castro Júnior, são R$ 5 milhões em repasses do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), que devem ser destinados a seis quilômetros de recuperação asfáltica e implementação de ciclovias, e outros R$ 5,6 milhões do programa Avançar Cidades, do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), o que deve possibilitar a qualificação da sinalização em aproximadamente 32 quilômetros de vias já existentes ou que ainda serão construídas.
— Os quase R$ 11 milhões em recursos já estão garantidos para boa parte das obras, além do que ainda pode ser complementado por parcerias público-privadas — afirma o titular da pasta.
A meta estabelecida pelo prefeito Sebastião Melo é chegar aos 100 quilômetros de trechos pavimentados para o trânsito de bicicletas na Capital até dezembro de 2024, incluindo ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Para atingir o objetivo, faltam 23 quilômetros — ou 11,5 por ano.
Para efeito de comparação, em 2020, ainda na administração de Nelson Marchezan, foram entregues 9,26 quilômetros de pistas exclusivas para bicicletas. Em 2021 e 2022, foram 7,22 e 11 quilômetros, respectivamente.
A SMMU tem planos para implementar cerca de 10 quilômetros de ciclovias nos próximos meses. Caso isso seja cumprido, Porto Alegre chegará a 87 quilômetros de vias para ciclistas. As primeiras sinalizações de 2023 estão sendo implementadas em vias compartilhadas com automóveis na Cidade Baixa, nas ruas Olavo Bilac, Luiz Afonso e Lobo da Costa.
A Avenida Tronco, em obras entre os bairros Medianeira e Cristal, na Zona Sul, deve ser a próxima importante via a receber um espaço para os ciclistas. O local exato das novas pistas ainda são definidas pela SMMU. Conforme a pasta, o planejamento de novas rotas se dá a partir de conversas com diversos setores da sociedade — desde cicloativistas e comunidades escolares, até representantes comerciais de shoppings e outros setores empresariais.
— A maior reclamação que ouvimos foi a falta de conexão entre as ciclovias existentes. Esta é uma das nossas prioridades. Queremos direcionar os recursos para incrementar, seja contrapartida ou financiamento público, nosso primeiro esforço será este — comenta Adão.
Inovação em segurança
Dentro do montante de R$ 10,6 milhões, R$ 2 milhões devem ser destinados à criação de bicicletários na cidade. A ideia é construí-los em eixos de grande circulação de pessoas, para incentivar que os deslocamentos diários sejam feitos, ou pelo menos parte deles, com a bicicleta.
Mais do que um lugar para estacionar bicicletas particulares, está em estudo a instalação de câmeras de segurança e de monitoramento em tempo real dos espaços.
— (Serão) Locais para deixar a bicicleta e embarcar em um ônibus e poder voltar do mesmo jeito — exemplifica o secretário.
— As bicicletas têm valores altos, mesmo em locais considerados seguros os ciclistas têm receio de deixá-la na rua. Uma estrutura com segurança vai ajudar a dar confiança neste sentido — complementa.
Todos os planos da prefeitura podem ser incrementados por parcerias com a iniciativa privada. O secretário ressalta que a prioridade será criar ciclovias que conectam as atuais espalhadas pela cidade, mas que toda oportunidade de criar novas rotas para ciclistas é bem vista pelo Executivo municipal.