Depois de 11 anos sem o título, a Estado Maior da Restinga foi a grande vencedora na competição entre as agremiações da série Ouro do Carnaval de Porto Alegre, conquistando 160 pontos. A apuração ocorreu na tarde desta segunda-feira (6). Em segundo lugar, ficou a Unidos de Vila Isabel, também com 160 pontos, e em terceiro, a Imperatriz Dona Leopoldina, com 159,9 pontos.
Os desfiles ocorreram no último fim de semana, no Complexo Cultural do Porto Seco, na zona norte da Capital. A campeã entrou na passarela Carlos Alberto Barcellos Roxo com o enredo Bendita és tu Anastácia, Negra dos Olhos Azuis, na madrugada de domingo (5). Os 24 jurados avaliaram oito quesitos: bateria, samba-enredo, harmonia, tema-enredo, fantasia, evolução, mestre-sala e porta-bandeira, e alegorias.
A vice-campeã chega ao posto com uma ascensão significativa, visto que retornou à série Ouro em 2022. O critério de desempate entre campeã e a vice foi a consideração das notas descartadas — que é a menor nota atribuída entre as três de cada quesito. A Estado Maior da Restinga teve 9,9 pontos no quesito fantasia, enquanto Unidos de Vila Isabel teve 9,9 pontos em harmonia, fantasia e mestre-sala e porta-bandeira. Na somatória final, essas notas são cortadas. Já a 10ª colocada, a Império do Sol, com 159,4 pontos, foi rebaixada para a série Prata.
— O sentimento é de dever cumprido com essa grande comunidade que estava correndo atrás há um bom tempo. A Restinga é uma comunidade com força e potência e fazer parte dela não tem preço — disse Luciano Maia, carnavalesco da Estado Maior da Restinga.
Eufórico com a conquista, o presidente da entidade, Aldo Luís Rabelo Carlos, adiantou que a festa de comemoração já estava acontecendo na quadra, no extremo sul da Capital, onde colocaram um telão para os integrantes acompanharem a apuração.
— Esse sentimento é muito especial, porque a comunidade estava merecendo esse título. Sou muito grato à minha esposa, Thaís Boeira Gomes, que batalha do meu lado. E ao meu carnavalesco, Luciano Maia, que é sensacional. A festa já está acontecendo na quadra e no próximo sábado terá uma grande comemoração da campeã — disse Aldo.
A apuração começou com atraso de quase duas horas, devido a uma reunião entre o comitê gestor e os presidentes das agremiações para debater o cumprimento de normativas. Após essa reunião, a divulgação das notas se iniciou sem interferências.
A pontuação final da série Ouro
- 1ª Estado Maior da Restinga - 160
- 2ª Unidos de Vila Isabel (Viamão) - 160
- 3ª Imperatriz Dona Leopoldina - 159,9
- 4ª Bambas da Orgia - 159,9
- 5ª Imperadores do Samba - 159,8
- 6ª Acadêmicos de Gravataí (Gravataí) - 159,7
- 7ª Realeza - 159,6
- 8ª União da Vila do IAPI - 159,5
- 9ª Fidalgos e Aristocratas - 159,4
- 10ª Império do Sol (São Leopoldo) - 159,4 (rebaixada)
Série Prata
A Copacabana venceu a série Prata, com 159,9 pontos, e assim ascende ao grupo Ouro para o desfile de 2024. Em segundo lugar, a Academia de Samba Praiana conquistou 159,8 pontos e, em terceiro, a Unidos da Vila Mapa teve 159,3 pontos.
— Começamos a trabalhar com a escola lá do chão, da raiz, com um resgate da comunidade. O nosso primeiro passo foi a reaproximação da Bom Jesus. A receita foi mágica, pois a partir desse momento começamos a construir um carnaval muito mais forte e pensando quesito a quesito, com muito planejamento, reuniões e ensaios — disse o diretor de Carnaval da Copacabana, Alexandre Pereira, conhecido como Choco.
Em 2024, oito escolas desfilarão pelo grupo Prata. As duas rebaixadas foram Mocidade Independente da Lomba do Pinheiro, com 157,3 pontos, e Acadêmicos da Orgia, com 157,5 pontos. Como, atualmente, não existe um terceiro grupo, essas rebaixadas não desfilarão em caráter competitivo pelo prazo de dois anos. As agremiações poderão desfilar como convidadas.
Relembre o desfile da campeã
Já era madrugada de domingo quando o cisne imponente entrou na pista ao som do seu lema: “Tinga teu povo te ama”. Sob aplausos da plateia, a Estado Maior da Restinga levou para a avenida o enredo Bendita és tu Anastácia, Negra dos Olhos Azuis. A apresentação em homenagem à mulher que se tornou símbolo de resistência à escravidão e luta contra o preconceito racial contou com 21 alas e quatro alegorias.
A bateria foi responsável por um dos ápices do desfile, quando os integrantes fizeram uma coreografia, com movimentos de reverência à mulher que aparecia no meio da ala, representando Anastácia. Esse momento parava por alguns instantes o andamento da bateria.