As ruas do Centro Histórico de Porto Alegre foram tomadas pelo samba e pela alegria dos foliões nesta terça-feira (21) de Carnaval. Na escadaria da Avenida Borges de Medeiros, junto ao Viaduto Otávio Rocha, foi a vez da Terça de Samba contagiar os porto alegrenses com a energia e a vibração das percussões do grupo Puro Asthral.
A festa iniciou às 18h30min com movimento tímido, mas bastou o samba começar a ecoar que uma multidão de foliões começou a ocupar o vão superior da escadaria, em frente ao bar Tutti Giorni. Desde 2018, o local é ponto fixo da roda de samba nas terças-feiras entoando clássicos absolutos do samba de raiz nacional e regional.
Com as obras de revitalização do Viaduto Otávio Rocha, um tapume preto foi instalado na lateral da escadaria, o que impede a visão do movimento em frente ao bar. No entanto, quem compareceu mal pôde se mexer devido à quantidade de pessoas.
A aposentada Rosângela Guedes, 63 anos, e o esposo Júlio César Guedes, 65, estrearam no samba da escadaria nesta terça de Carnaval. O casal diz que pretende ir até o Porto Seco assistir aos desfiles em março, pois sempre veem os do Rio de Janeiro e São Paulo pela televisão. Moradores do bairro Jardim Leopoldina, eles garantem que o esforço vale a pena.
— Chegamos às 16h, mas como não tinha nada, fomos até o Gasômetro, tomamos um chope e depois viemos pra cá — conta Rosângela, empolgada.
Com girassóis nos cabelos e gliter no rosto, a moradora de Canoas, na Região Metropolitana, Aline Rodrigues Ferreira, 46, veio a Porto Alegre para aproveitar pelo menos o último dia do Carnaval, já que não pôde vir à Capital no fim de semana.
— Eu não tinha conseguido companhia em nenhum dos outros dias, já estava enlouquecida para vir. Pelo menos no último consegui companhia pra vir. No fim de semana improvisei um Carnaval em família e hoje vim com um amigo. Está meio apertado aqui, mas está maravilhoso — comenta a canoense.
Natural de Guiné Bissau, a dentista Benvinda Ruth, 34, caprichou na maquiagem para levar a filha, Alina, de 4 anos, para curtir o ritmo brasileiro na escadaria. Benvinda veio para o Brasil a trabalho quatro anos atrás e comenta que a comemoração por aqui é um pouquinho diferente da festa na Guiné.
— Lá é mais cultural, porque temos várias etnias e as pessoas se fantasiam de acordo com as etnias. Cada região monta um desfile e apresenta. É um pouco diferente do Brasil onde tem mais samba e festas — comenta a dentista.
Do tradicionalismo ao samba
Quem também aproveitou a noite para cair no samba foi o cantor e compositor tradicionalista Neto Fagundes. Ele comenta que há muitas semelhanças entre a música que ele toca e o ritmo do carnaval. Além disso, ele exalta sua admiração pela diversidade que Porto Alegre proporciona.
— Eu sou de Alegrete e essa (Porto Alegre) é uma cidade que me conquistou por isso, por dar oportunidades de estar em lugares que tu pode encontrar todo mundo. Essa diversidade que Porto Alegre tem é uma de suas grandes riquezas — comenta o artista.
Pelas ruas da Capital, o que não faltou ao longo de todo o dia foram rostos pintados, roupas coloridas e muito gliter. Por volta das 15h20min, o bloco "No Caminho te Explico" partiu da Praça General Braga Pinheiro e saiu pelas ruas do Centro Histórico.