O Complexo Cultural do Porto Seco, situado no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre, volta ao centro das atenções durante o período de Carnaval. Os desfiles deste ano estão marcados para os dias 3 e 4 de março, na pista de 450 metros de extensão por 16 metros de largura. Desde 2004, as apresentações das escolas de samba ocorrem no local. Nessas quase duas décadas, pouco mudou, e ainda é aguardada a implantação definitiva da estrutura.
A presidente da União das Entidades Carnavalescas de Todos os Grupos e Abrangentes de Porto Alegre (UECGAPA), Kelly Ramos, revela qual é o sonho dos carnavalescos da cidade em relação ao Porto Seco.
— A conclusão da pista e a construção definitiva da arquibancada são fundamentais para o Carnaval — afirma a primeira mulher a dirigir uma das ligas carnavalescas da Capital.
O prefeito Sebastião Melo sancionou projeto de lei, em setembro do ano passado, que permite a venda de terrenos da prefeitura localizados no entorno do Porto Seco. O dinheiro arrecadado com a comercialização será investido na implantação definitiva do sambódromo, o que ficaria sob responsabilidade de parceria privada.
— Hoje, temos um complexo cultural, mas com uso permitido apenas para Carnaval. Ou seja, é um sambódromo, e não um complexo. Essas são as divergências que precisamos ajustar junto à prefeitura para dar vida ao espaço o ano inteiro — compartilha Kelly, salientando que o local poderia mudar a vida das famílias carentes instaladas nos arredores.
O que diz a prefeitura
A expectativa da prefeitura é de começar a venda dos terrenos ainda em 2023. A Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMCEC) terá auxílio da Secretaria Municipal de Parcerias (SMP) neste processo, porque a proposta é que a iniciativa privada participe do projeto ficando responsável pela construção da estrutura definitiva.
Atualmente, a arquibancada do sambódromo tem capacidade para abrigar 5.080 pessoas por noite. Precisa ser montada a cada edição do Carnaval. A ideia é construir algo permanente no espaço.
— Foi feito um levantamento dos terrenos que a prefeitura possui no entorno do Porto Seco e encaminhado o processo de venda para transformar os recursos em investimento na construção das arquibancadas — explica o secretário municipal da Cultura e da Economia Criativa, Henry Ventura.
E os futuros valores envolvidos são robustos.
— Mais de R$ 40 milhões serão investidos — antecipa Ventura, em relação a melhorias no Porto Seco.
O Sambódromo da Marquês do Sapucaí, no Rio de Janeiro, servirá como inspiração.
— Queremos ter junto à arquibancada serviços da prefeitura, como creche ou posto de saúde. Não definimos quais ainda — diz o secretário.
O Porto Seco é utilizado basicamente durante os dias dos desfiles das escolas de samba na Capital. No resto do ano, raras atividades são promovidas na área, o que deve mudar com a implementação definitiva prevista pela prefeitura.
— Queremos dar uma vida útil ao espaço, que vá além do Carnaval, que possa ter oficinas, assistência social e atividades — diz o titular da pasta.
A coordenadora do Comitê de Carnaval da prefeitura, Liliana Cardoso Duarte, comenta sobre o que deve acontecer em relação ao sambódromo da Capital.
— O Porto Seco deverá ter uma estrutura permanente para que possamos efetivar essa luta de 20 anos.
Para o Carnaval deste ano no local, o investimento da prefeitura será de R$ 5,2 milhões, o que engloba estrutura, camarotes, som, luz, banheiros químicos, entre outros aspectos.
Além da arquibancada e da pista, o Porto Seco conta com 15 barracões e estacionamento para 1,2 mil carros. Neste momento, as estruturas para os desfiles de março estão sendo preparadas na Zona Norte.
Ingressos
Os ingressos gratuitos do primeiro lote para as arquibancadas nos dois dias de desfiles do Carnaval do Porto Seco estão esgotados. Um segundo lote será oferecido ao público, com informações a partir desta quarta-feira (22). Os bilhetes podem ser adquiridos neste link.