A prefeitura de Cachoeirinha adiou a previsão para início dos trabalhos de limpeza do Rio Gravataí. Com o processo de contratação da empresa responsável em andamento, a gestão municipal afirmou que só terá novidades entre quarta e quinta-feira (16), mudando a estimativa dada pelo prefeito Cristian Wasem Rosa de que a camada de lixo acumulada começaria a ser removida na terça-feira (14). A reportagem de GZH acompanha desde a semana passada o problema de acúmulo de resíduos em uma faixa de cerca de 70 metros do rio.
Na manhã desta segunda-feira, a assessoria de comunicação da prefeitura ressaltou que ainda é preciso receber os orçamentos das empresas especializadas em remoção de lixo em áreas contaminadas para que as propostas sejam apresentadas ao comitê de emergência formado pelas nove cidades que fazem parte da bacia do Rio Gravataí (Santo Antônio da Patrulha, Taquara, Viamão, Glorinha, Gravataí, Alvorada, Cachoeirinha, Canoas e Porto Alegre). Após a conclusão destas etapas, o processo poderá começar.
Até que isso aconteça, o Executivo garante que o monitoramento do lixo seguirá sendo realizado. Na sexta-feira, uma nova barreira de contenção, composta por boias, foi instalada próximo à entrada do município, para evitar que os detritos passem para o Delta do Jacuí e cheguem até o Guaíba.
Em resposta à Rádio Gaúcha, a prefeitura disse que não pode iniciar o processo sem orçar com várias empresas, visto que a primeira proposta foi de aproximadamente R$ 2 milhões e, inicialmente, o município terá que pagar essa conta "não prevista". Conforme a gestão, este trecho do Rio Gravataí tem nível 4 de contaminação, sendo proibida a pesca e a captação de água para o consumo. Neste ponto, o curso d'água é um dos mais poluídos do Brasil.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta segunda-feira, o presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Renato Chagas, salientou que a parte baixa do Rio Gravataí tem a qualidade da água prejudicada. Ele afirmou que, a longo prazo, a questão da poluição da água precisa ser resolvida com educação da população, mas que outras medidas, como a instalação de ecobarreiras, podem ajudar.
— A gente tem aqueles canais do DNOS (Departamento Nacional de Obras de Saneamento), que não são arroios, mas são canais que levam, infelizmente, esgoto não tratado, levam águas fluviais e ali seriam pontos, mais para cima, que poderia se colocar (ecobarreiras), porque depois se teria acesso com caminhão para a retirada dos resíduos. Já onde o resíduo está lá dentro do rio, já dificulta — disse o presidente da Fepam.
As ecobarreiras são estruturas flutuantes, instaladas transversalmente em rios, para conter o avanço de resíduos sólidos pela água, principalmente plásticos.
Outra medida proposta por Chagas é a identificação de "pontos estratégicos" ao longo dos cursos d'água que sejam de fácil acesso por maquinário, para retirada dos resíduos. No entanto, ao ser questionado sobre quanto tempo levaria para reverter o cenário atual, disse que não há como precisar.
Outros municípios se oferecem para ajudar
Enquanto não há definição da empresa responsável pela limpeza, outros municípios na bacia do Rio Gravataí se colocam à disposição para auxiliar nas ações. Alvorada é um deles.
Segundo o secretário de Meio Ambiente, Rudi Guzatti, a prefeitura da Região Metropolitana adiantou que uma equipe levará seis "bags" para colocação dos resíduos sólidos que serão retirados do leito do rio. As sacolas servem para recolher produtos reciclados e medem em torno de dois metros de altura por 1,80 metro de largura.
— Também estaremos fazendo uma vistoria do Rio Gravataí pelo lado oposto à Rua Anapio Gomes. Entraremos ao lado da Fiergs para averiguar a possibilidade de entrada da escavadeira hidráulica para agilizar a retirada do material — explicou Guzatti, acrescentando que aguarda posicionamento de Cachoeirinha antes de iniciar as medidas.
A prefeitura de Gravataí também planeja oferecer apoio, por exemplo, com a cedência de um drone e de um barco, mas afirmou que "a parte da limpeza mesmo é com Cachoeirinha".