Os escorpiões-amarelos estão sendo avistados novamente em Porto Alegre. Conforme informações da Vigilância em Saúde, apenas no primeiro mês deste ano, 60 já foram capturados: 56 no Centro Histórico, dois no bairro São Geraldo, um no Mario Quintana e outro na Central de Abastecimento do Estado (Ceasa). Houve dois casos de acidentes envolvendo pessoas picadas pelo animal. Em relação a 2022, é um aumento de 566,6% nas capturas.
No ano passado, o Centro Histórico foi a região que mais registrou notificação de visualizações e capturas do animal à Diretoria de Vigilância em Saúde. Apenas no mês de janeiro, foram nove capturas, sendo oito na área central e uma no Menino Deus. Um total de 452 animais foi removido. As aparições dos escorpiões começaram em 2001 na Capital.
— Estamos intensificando as capturas noturnas para tentar diminuir o número de escorpiões-amarelos. Cada um capturado, são menos 40 que nasceriam ao longo do ano — explica o agente de Combate às Endemias Luiz Fernando Lopes.
Nos dias 4 e 11 de janeiro, já foram realizadas duas ações em busca dos escorpiões. Na última, 49 caixas de telefonia foram abertas em caça ao animal. Nesta quarta-feira (1º), a partir das 19h30min, está prevista nova ação de captura na Praça Dom Feliciano, local de maior concentração do aracnídeo, além de pontos em seu entorno e em avenidas e ruas como Andradas, Senhor dos Passos e Doutor Flores.
— Há muitos comércios, restaurantes e bancas de frutas. Esses locais compram caixas de hortifrútis da Ceasa, por onde os escorpiões entraram em Porto Alegre, passivamente, transportados de outros estados em caixas vindas nos caminhões — afirma Lopes.
Praça concentra escorpiões
O escorpião-amarelo (Tityus serrulatus) é o tipo mais venenoso das Américas. Seu veneno é capaz de matar uma criança em poucas horas, se a vítima não receber atendimento adequado e rápido. Idosos e pessoas com comorbidades que debilitem sua saúde são mais vulneráveis ao veneno.
Trata-se de um animal resistente e de grande adaptação aos ambientes em que circula. Baratas, aranhas, moscas e outros pequenos insetos fazem parte de sua alimentação. Nesta espécie específica, só existem fêmeas. Elas possuem óvulos que se desenvolvem diretamente em embriões por estímulos hormonais. Em cada reprodução, nascem cerca de 20 filhotes. O escorpião-amarelo vive de quatro a cinco anos, reproduzindo, em média, duas vezes por ano.
Ao mesmo tempo, não existe explicação para a Praça Dom Feliciano concentrar grandes quantidades de escorpiões. As possibilidades vão desde a presença de baratas, fruteiras por perto e caixas subterrâneas, o que possibilita ambiente escuro e com umidade. Outros fatores ainda contribuem para a proliferação dos escorpiões na região central da cidade.
— Não há predadores naturais no Centro, como corujas, gambás, gaviões e galinhas-d'angola. Como eles estão no subterrâneo, dificilmente se conseguirá eliminá-los — cita o agente.
Problemas para operadoras
A reportagem de GZH recebeu relato de que a presença dos escorpiões-amarelos, na Rua Marechal Floriano Peixoto, estaria afetando o trabalho de técnicos da Vivo. Por causa dos animais, os funcionários não estariam conseguindo acessar alguns fios nas caixas de telefonia subterrâneas. Desde sexta-feira (27), não há sinal de internet em partes do Centro Histórico. Por sua vez, a Vigilância em Saúde informa que não houve reclamação de avistamentos do aracnídeo especificamente nessa rua nos últimos dias.
Questionada sobre técnicos estarem com dificuldades em acessarem fios em caixas subterrâneas na Rua Marechal Floriano Peixoto, em razão da presença dos escorpiões, a Vivo respondeu, por nota, o seguinte:
"A Vivo informa que não foram encontradas irregularidades na sua rede na região central de Porto Alegre/RS. A companhia monitora permanentemente a qualidade e a segurança de sua rede e orienta a população a entrar em contato para informar sobre irregularidades na rede através do nosso site www.vivo.com.br ou pelo telefone 10315.".
Fique atento: como se proteger
Locais onde o aracnídeo habita
Os escorpiões são mais comuns em locais como ralos, esgotos e caixas de gordura; encanamentos de luz e telefone; caixas com verduras, legumes e frutas; sapatos, cortinas, travesseiros, roupas de cama, toalhas e vestuário.
Medidas para afastar o animal
Verifique calçados, roupas e toalhas antes de usá-los; limpe ralos de banheiro e cozinha e caixas de gordura; evite deixar berços encostados nas paredes e que lençóis toquem no chão; feche frestas nas paredes, móveis e rodapés; use telas nas aberturas de ralos, pias e tanques; mantenha os ambientes sem entulhos e limpos.
O que fazer se for picado
A picada do escorpião-amarelo causa dor intensa no local atingido, sudorese, vômitos e ainda agitação. Nos casos moderados e graves, especialmente em crianças, os sintomas incluem alterações cardíacas e tremores.
Para quem for picado, a orientação é lavar com água e sabão e se dirigir imediatamente para o Hospital de Pronto Socorro (HPS), que é referência para observação do caso e aplicação do soro antiescorpiônico quando houver indicação para uso do imunobiológico.
O que fazer se visualizar um escorpião
Quem avistar o animal deve ligar para o telefone 156, da prefeitura, ou avisar pelo e-mail 156poa@portoalegre.rs.gov.br. Será necessário informar o endereço do local da ocorrência, dar o seu nome e telefone para contato.