Não é apenas no Egito, onde ocorreu a 27ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP27), que estão sendo promovidas discussões sobre impactos climáticos e práticas sustentáveis. Em Canoas, na Região Metropolitana, 103 árvores foram plantadas nesta segunda-feira (21), no Parque Getúlio Vargas – conhecido também por Capão do Corvo –, por alunos das escolas municipais Nelson Paim Terra, Professor Thiago Würth e Arthur Pereira de Vargas.
A atividade foi conduzida pelos membros do Projeto Embaixadores da Justiça Climática, que busca conscientizar a comunidade escolar sobre os cuidados com o ambiente e ensinar o passo a passo do cultivo de árvores. Além dos estudantes, com idades entre sete e 12 anos, autoridades e voluntários participaram do momento.
Animados com a atividade, os alunos, separados por escola, foram levados por voluntários até as aberturas no solo, onde as mudas estavam posicionadas. Eles puderam tirar o plástico que protegia a raiz e colocar as mãos, de fato, na terra para fechar o buraco. Após, alguns dos alunos usaram suas garrafinhas de água para molhar a árvore. No entanto, um caminhão-pipa estava no local para fazer essa parte.
Pela primeira vez no parque, Henry Gabriel Ferreira da Silva, 11 anos, aluno do 5º ano da Arthur Pereira de Vargas, teve sua perspectiva mudada durante a atividade:
– Agora eu acho que plantar uma árvore é legal. Não é ruim como eu pensava. Eu achei que ia embarrar as mãos, porque parecia que ia chover, pensei que ia me sujar. Mas não foi assim.
Já Gustavo Borges, 15 anos, aluno do 8º ano da Professor Thiago Würth, que frequenta o Capão do Corvo para o lazer, agora tem um ponto de visitação: a árvore plantada por ele.
– É importante (participar da ação), muita coisa foi destruída no temporal, então a gente está ajudando. E como eu venho bastante aqui para jogar bola e passear, é bom fazer parte – relata.
Recuperação
O plantio no Parque Getúlio Vargas foi propício para a recuperação da vegetação que foi perdida durante o fenômeno meteorológico conhecido como microexplosão, que atingiu Canoas em 15 de agosto. O local foi escolhido para a atividade do projeto em acordo entre a Secretaria Municipal da Educação (SME) e a Secretaria do Meio Ambiente. Segundo o secretário do Meio Ambiente, Paulo Ritter, mais de 200 árvores foram derrubadas com a força do vento durante o temporal, além de danos em cercas, telas e na estrutura do zoológico. O parque ficou interditado por dois meses para revitalização das áreas afetadas, sendo reaberto ao público no início deste mês.
– Essa atividade representa a questão da consciência que se tornou a educação ambiental, que não é uma agenda romântica. Assim, como teve a COP27, hoje a questão ambiental é uma agenda tão importante como gerar emprego e renda, cuidar das pessoas. Ela está interligada à sobrevivência da humanidade – diz Ritter.
Conforme a professora e coordenadora do Projeto Embaixadores da Justiça Climática, Nara Martins Lopes, a ação realizada no Capão do Corvo foi o encerramento das atividades teóricas e práticas que envolveram a criançada das escolas municipais ao longo de quatro meses. No total, o projeto desenvolvido em oito escolas contou com a participação de mais de 900 estudantes e resultou em 304 árvores plantadas.
– A intenção é que eles sejam multiplicadores dessa ideia de sustentabilidade. Quando eles passearem pelo parque, falarem “aquela árvore foi eu que plantei”. Assim como os outros alunos que plantaram em EMEIs, eles tem esse protagonismo, essa responsabilidade e esse orgulho de dizer eu que plantei – afirma a professora.
Formar embaixadores
A iniciativa da prefeitura de Canoas, em parceria com a Rede de Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI), introduziu aos alunos um conceito sobre mudança climática e plantio de árvores de forma lúdica, com o apoio da organização alemã Plant-for-the-Planet.
O Projeto Embaixadores da Justiça Climática tem como objetivo a conscientização de alunos sobre o tema e a formação de embaixadores, que é um movimento voltado aos direitos humanos e as mudanças climáticas, iniciado em 1980 nos Estados Unidos, sendo ainda pouco conhecido no Brasil.
As oficinas tiveram como público-alvo estudantes de sete a 12 anos de oito escolas de Ensino Fundamental: Paulo Freire, Sete de Setembro, Jacob Longoni, Santos Dumont, Arthur Pereira de Vargas, Nelson Paim Terra, Professor Thiago Wurth e Rio Grande do Sul.
Conforme Mari Lúcia Larroza, voluntária do projeto Plant-for-the-Planet que atuou como facilitadora nas oito escolas, conscientizar as crianças é plantar uma sementinha, pois elas serão replicadoras.
– Achamos que vamos plantar a sementinha agora e colher no futuro. Mas, não. Deu para perceber que estamos colhendo agora, inclusive pela mudança de comportamentos e de atitudes. Que seja recolher um papel no chão e colocar na lixeira, que seja adotar uma garrafinha que não seja descartável para evitar o resíduo. Vemos a preocupação deles, e são pequenas atitudes que se cada um adotar já estará fazendo a diferença para o nosso planeta – relata a voluntária.
As atividades, que ocorreram durante três dias por escola, foram finalizadas nesta segunda-feira com o plantio de árvores, sendo 103 no Capão do Corvo e 201 nas instituições de ensino. Após uma série de ações teóricas e práticas, os alunos receberam um certificado de Embaixador da Justiça Climática e, alguns, foram convidados para serem facilitadores da próxima turma.