O parque Getúlio Vargas, conhecido como Capão do Corvo, em Canoas, está interditado e não pode receber visitantes por risco de queda de vegetação. Em razão da chuva e dos ventos que atingiram o Estado na segunda-feira (15), inúmeras árvores caíram na região. O zoológico municipal, que fica dentro do parque, na Av. Dr. Sezefredo Azambuja Vieira, foi uma das áreas mais atingidas, com muitos danos em recintos — locais onde ficam os animais para visitação.
O estado atual do parque preocupa a bióloga e educadora ambiental do zoológico, Renata Gautier, que estima prejuízo superior a R$ 700 mil.
— A gente teve que realocar os animais. Ficamos muito preocupados, porque sabemos que, para recuperar todo o estrago, não vai ser fácil e pode demorar mais de um ano. A gente tinha recintos novos que foram atingidos e estragaram novamente. É muita coisa para recuperar — conta ela, com lágrimas nos olhos.
Quase 200 animais são abrigados atualmente pelo projeto, que recebe inúmeras espécies diferentes para tratamento e recuperação e é mantido pela prefeitura. Em 2021, o local recebeu 1.322 animais de 117 espécies. No primeiro semestre deste ano, houve aumento de 13% em relação ao mesmo período do ano passado, com 434 animais acolhidos — nem todos permanecem no zoo após receberem os cuidados necessários. Quase 70% dessa fauna vem de Canoas, e o restante, de outros municípios gaúchos.
A equipe do zoo foi surpreendida na manhã de terça-feira (16) pelas árvores derrubadas pelo vento, que atingiram estruturas importantes. Araras e papagaios precisaram ser realocados, porque o local onde estavam foi danificado.
Duas aves da área dos urubus e carcarás fugiram em decorrência de uma abertura que se formou na grade. O acúmulo de vegetação e galhos gerou uma dificuldade de acesso que fez com que os funcionários precisassem alimentar animais pelo lado de fora dos recintos.
— O ambulatório que estávamos reformando em razão de uma queda de árvore em outubro foi, agora, atingido por um eucalipto. Então, vamos ter que recomeçar do zero. Estávamos preocupados com o que estava velho e agora vamos ter que arrumar recintos que eram novos — lamenta.
O projeto contava com uma barraca fornecida pelo Exército para funcionar como ambulatório durante a obra, mas a estrutura também foi atingida por uma árvore e corre o risco de ser novamente danificada por outros galhos que estão prestes a cair.
O veterinário Daniel Vasconcellos, que também trabalha no local, enfatiza a importância do setor de tratamento e alerta que a época de primavera, quando mais animais são recebidos para recuperação, ainda vai aumentar a demanda da equipe.
— Nós recebemos, tratamos e, em alguns casos, ainda reabilitamos o animal para ser solto na natureza. Alguns locais não têm espaço ou condições de fazer a recuperação e trazem para cá — explica.
Em contato com GZH, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente estima que seja necessário investimento de cerca de R$ 400 mil para recuperação dos danos. A pasta também prevê que leve um mês para retirada e corte das árvores prejudicadas.
Quanto à reconstrução dos recintos e do ambulatório do zoológico, será necessário captar recursos via compensatórias ambientais, por isso, não há como definir data exata. Já sobre o parque, a secretaria diz que a gravidade dos estragos foi muito maior, sem conseguir garantir prazo concreto.