O Parque Germânia, em Porto Alegre, ganhará um espaço socioeducativo com uma biblioteca comunitária focada no público infantojuvenil. O imóvel onde ficará a biblioteca também abrigará auditório e espaços para oficinas, além da sede administrativa da Associação de Amigos do Jardim Europa (AAJE), entidade adotante do parque.
A reforma deve ter início em 12 de julho, e inclui a instalação de painéis ripados de madeira ecológica, jardim vertical em paredes verdes, criação de deque e cobertura para ampliação de uso externo, entre outras intervenções. A expectativa é inaugurar o espaço em 12 de outubro, em comemoração ao Dia das Crianças.
A iniciativa é resultado de um termo de permissão de uso firmado entre a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) e a AAJE, em parceria com o Instituto Jama, organização social sem fins lucrativos com sede em Porto Alegre e atuação no Sul do país que destina recursos próprios para apoiar projetos sociais relacionados ao seu propósito: “Educação como prioridade, transformando pessoas e comunidades”, inspirado nos valores éticos e culturais do núcleo familiar de Jayme Sirotsky.
— Vimos a oportunidade de transformar o espaço em um equipamento que pudesse atender melhor a comunidade — conta Adriana Lanzarini, executiva responsável pelo projeto no Instituto Jama. — Como o nosso foco é educação, mapeamos o entorno e identificamos mais de 11 mil alunos de 14 escolas da rede pública. Surgiu, então, a ideia de construir um espaço colaborativo que atendesse esse público. Observamos que poderia ter um trabalho guiado, já que as escolas já procuravam o parque como espaço público para atividades. Então, estamos querendo dar um espaço à altura do parque e da cidade e que isso possa se desenvolver e, quem sabe, mais para frente, ser um modelo e servir de inspiração — complementa.
Adriana ressalta que o espaço também estará aberto a escolas particulares e a quem quiser utilizá-lo para promover oficinas ou trabalhos educativos, permitindo um espaço de convivência. Além do foco nos jovens, o local será voltado à literatura sobre natureza e sustentabilidade.
— Acreditamos que a conscientização das práticas de sustentabilidade e de respeito pela natureza são os pilares de uma educação voltada à valorização da cidadania — explica. — Como o contexto do espaço é dentro de um parque, entendemos que a biblioteca seria voltada para o desenvolvimento da educação com foco socioambiental, com ações comunitárias focadas nesse tema da natureza.
Para abastecer a biblioteca, será feita uma campanha de arrecadação de livros, com a curadoria de uma bibliotecária para selecionar aqueles com a mesma proposta do local, além de relacionamentos com editoras e instituições que possam disponibilizar conteúdos.
Após a entrega, o local funcionará em formato colaborativo, com voluntários, e será administrado pela associação. A Escola São Judas Tadeu se somará aos parceiros e prestará curadoria à biblioteca voluntariamente, dando ainda suporte pedagógico às oficinas, com temas variados, que serão oferecidas para toda a comunidade, incluindo diferentes faixas etárias.
— A nossa preocupação era não entregar um espaço somente, mas o que fazer com isso. Então, a preocupação de ter um projeto pedagógico nascendo ao mesmo tempo da construção física, para nós, é tão relevante quanto. Nossa preocupação realmente é que possa ter vida, possam acontecer eventos de forma monitorada, que as escolas queiram trazer alunos para desenvolver algumas atividades — comenta Adriana.
Com a mudança para o novo espaço, a AAJE, formada pela reunião de condomínios do entorno do Parque Germânia com o objetivo de valorizar o bairro e proporcionar integração, diminuirá custos e estará mais próxima à comunidade. Para Rui Back, presidente da AAJE, o impacto do projeto é altamente positivo:
— Vai trazer nobreza para um espaço que hoje está subutilizado e, principalmente, aproximar a comunidade da utilização desse equipamento. Abre muito mais a possibilidade de as crianças da região frequentarem com orientação e tendo uma série de atividades lúdicas dentro do parque, que é um ambiente seguro, controlado. Incrementa muito o aprendizado das crianças.
Back salienta o foco em estabelecer um espaço de aprendizado e aprimoramento do ser humano, com destaque para a sustentabilidade e o meio ambiente — permitindo que as crianças retomem o contato com o mundo.
— Muitas vezes, as crianças só são criadas em apartamento e não têm mais essa noção do convívio com a natureza, e o parque vai proporcionar e mostrar essa parte — complementa.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade, Germano Bremm, avalia que o caráter social do projeto desempenha um papel fundamental para seu êxito, além de funcionar como um atrativo. Para ele, a iniciativa agrega muito para a Capital:
— Nós entendemos que é o futuro levar à ocupação desses parques, porque quanto mais pessoas tivermos circulando, mais ativo será, mais segurança terá. Porto Alegre tem uma vasta área verde, com nove parques, cerca de 680 praças, cada um com uma característica diferente. Temos tentado levar para todos os parques a ocupação, para eles serem aproveitados a semana toda, o dia todo, e não só em determinados horários no final de semana.
Quanto à ampliação de iniciativas como essa em outros parques, Bremm afirma que a prefeitura tem estudado cada um individualmente para buscar maneiras de atrair a iniciativa privada para a ocupação.
— Tudo passa também pelo envolvimento de parceiros privados, não há recurso público investido. Sempre avaliamos a disponibilidade. No Germânia, tínhamos essa característica da associação e da fundação serem parceiras nesse projeto, que tem custo — aponta.
Produção: Fernanda Polo