As 120 fichas distribuídas na sede da Secretaria de Desenvolvimento Social, na região central de Porto Alegre, ou as 70 entregues no Centro Vida, na Zona Norte, não foram suficientes para a demanda de pessoas buscando atendimento na manhã desta quarta-feira (27). A procura é por informações sobre o Cadastro Único (CadÚnico). O sistema tem causado alvoroço nos últimos dias, desde que filas começaram a se formar em pontos de atendimento pelo país.
O crescimento da demanda fez com o que os Centros de Referência em Assistência Social (Cras) deixassem de prestar este atendimento. Na Capital, segundo a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), os Cras estão dando "prioridade para famílias já acompanhadas nos serviços socioassistenciais do município e grupos prioritários como: idosos, gestantes, PCDs".
Normalmente, o CadÚnico deve ser atualizado a cada dois anos. Mas, durante a pandemia, as atualizações foram suspensas. Agora, o Ministério da Cidadania está chamando apenas famílias com cadastros que foram atualizados pela última vez em 2016 ou 2017 para a revisão. O principal foco são os beneficiários do Auxílio Brasil — antigo Bolsa Família.
Nestes casos, a convocação é feita pelo próprio ministério. Até o dia 14 de outubro serão feitas atualizações.
Nos casos de atualização para definir a faixa de renda da família beneficiada do Auxílio Brasil, que também está convocando famílias, o atendimento é até 12 de agosto, segundo informações da pasta.
Ambos os casos não dependem de procura espontânea — os beneficiários serão convocados. Só que quem não tem o CadÚnico também está tentando ir para os locais e fazer o cadastro, na esperança de obter o Auxílio Brasil — e até outros benefícios — que deve ser pago somente por um período no valor atual de R$ 600.
A mistura de demandas, entre quem quer atualizar e quem quer se cadastrar, gerou o boom de atendimentos vistos nos últimos dias. Entretanto, para quem quer apenas se cadastrar, não há um prazo-limite para efetuação do CadÚnico, segundo a prefeitura da Capital. Se não há prazo, então porque as filas se formam? A principal explicação é: porque os usuários querem tentar receber o benefício o quanto antes.
Foi o que motivou Stephanny de Oliveira Maier, 22 anos, a buscar atendimento na sede da Secretaria de Desenvolvimento Social. Ela foi ao local acompanhada da mãe, Ana Maria Vedoi de Oliveira, 50. Stephanny está desempregada desde o início da pandemia, assim como o marido. Na semana passada, Ana Maria trouxe outra filha para fazer o cadastro.
— É importante, não só para esse Auxílio Brasil, mas para outras coisas. Até a tarifa social da energia elétrica depende do CadÚnico — diz Ana Maria.
No Centro Vida, mais de uma centena de pessoas pernoitou na expectativa de conseguir uma das fichas. Reunidas em cadeiras de praia e mantas para fugir do frio, quatro mulheres aguardavam atendimento na manhã desta quarta-feira (27). Eram quase as últimas da fila a conseguirem ficha.
Júlia Marques, 25 anos e Claudia Knitz, 51, procuram o Cras de onde vivem e foram informadas de que deveriam ir ao Centro Vida para atualizar o CadÚnico, mesmo que a última atualização tivesse sido depois de 2017. Já Daniele Kristina, 25, e Jéssica Dimas, 31, estavam em busca da criação do cadastro. Mães, elas contam que estão sem trabalho e precisam do Auxílio Brasil.
— Mas essa espera é um absurdo. As pessoas terem de dormir aqui para conseguir atendimento — reclama Claudia.
Consulta prévia pode ser feita pela internet
Desde segunda-feira (25), a prefeitura ampliou espaços para atendimento. Mais duas unidades ficaram disponíveis à população na zona sul de Porto Alegre. Os postos estão localizados na subprefeitura do bairro Tristeza e na subprefeitura do bairro Belém Novo, com horário de atendimento das 8h30min às 12h e das 13h30min às 17h30min.
São seis subprefeituras, além da Secretaria de Desenvolvimento Social e do Centro Vida. Além disso, também estão sendo realizados mutirões de atendimento por meio de uma unidade móvel. Nestes casos, apenas a atualização do CadÚnico pode ser feita.
Antes de procurar qualquer ponto de atendimento, principalmente para atualização, as famílias devem conferir a situação cadastral no site do CadÚnico ou aplicativo. O aplicativo é o Cadastro Único, disponível para Android e iOS. Segundo o Ministério da Cidadania, no aplicativo, "as famílias ficam sabendo se estão em averiguação ou revisão cadastral e o que devem fazer para regularizar seus registros".
O ministério ainda reforça que, "caso não tenha ocorrido nenhuma alteração nas informações prestadas na última entrevista, a família beneficiária poderá também fazer a confirmação dos dados pelo próprio aplicativo do Cadastro Único".
Em seu site, o Ministério da Cidadania informa que das famílias convocadas, se os registros não forem regularizados, elas podem ser excluídas do CadÚnico, mas apenas a partir de julho de 2023.
Locais para atualização do Cadastro Único em Porto Alegre
- Região Cristal – Subprefeitura, na Avenida Copacabana, 1.096, bairro Tristeza, das 8h30min às 12h e das 13h30min às 17h30min
- Região Extremo-Sul – Subprefeitura, na Avenida Desembargador Jorge Mello Guimarães, 12, bairro Belém Novo, 8h30min às 12h e das 13h30min às 17h30min
- Região Restinga – Subprefeitura, na Rua Antônio Rocha Meirelles Leite, 50, 2ª Unidade Restinga Nova, 8h30min às 12h e das 13h30min às 17h30min
- Região Partenon – Subprefeitura, Avenida Bento Gonçalves, 6.670 (terminal Antônio de Carvalho), 8h30min às 12h e das 13h30min às 17h30min
- Região Leste – Subprefeitura, na Rua São Felipe, 144 , na Bom Jesus, 8h30min às 12h e das 13h30min às 17h30min
- Região Norte – Subprefeitura, na Rua Afonso Paulo Feijó, nº 220, no bairro Sarandi, 8h30min às 12h e das 13h30min às 17h30min
Unidade de Atendimento das 8h às 19h – sem fechar ao meio-dia
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social: Avenida João Pessoa, 1.105
Unidade das 8h às 17h – sem fechar ao meio-dia
Vida Centro Humanístico: Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, 2.132 – Sala 656, área 6 – Sarandi
Sine Municipal: Avenida Sepúlveda esquina com Mauá - Centro Histórico