Milhares de pneus, pedaços de móveis, carrinhos de supermercado, uma prancha de surfe e até uma moto roubada. Esses foram alguns dos itens encontrados pelas equipes que realizam os serviços de dragagem em córregos de Porto Alegre nas últimas semanas.
O trabalho realizado pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), chamado de dragagem, busca não só a limpeza dos córregos e arroios da Capital, mas também liberar o fluxo pluvial dessas áreas. A ação é necessária para impedir o assoreamento, que é o acúmulo de terra e resíduos, como lixo e outros itens.
No entanto, entre uma operação e outra, eis que itens inusitados aparecem. Um deles foi uma motocicleta que havia sido roubada, encontrada no Arroio Capivara, próximo à Estação de Bombeamento de Esgoto (EBE) do bairro Cristal.
Após o achado, o Dmae acionou a Brigada Militar (BM), que constatou que o número do chassi estava registrado como roubado. Depois da remoção, o veículo foi transportado por um guincho.
Os pneus também são itens que se destacaram até agora. Desde o início do ano, mais de 3,5 mil unidades já foram retiradas em todas as áreas onde o serviço acontece. Um dos principais pontos é o Arroio Dilúvio. Por lá, quem passa pela Avenida Ipiranga pode observar que em determinadas áreas somam-se pilhas dos itens.
Como os pneus são retirados com muita água acumulada, o material precisa secar antes de ser transportado. Além disso, também há uma questão logística: o Dmae junta as pilhas até fechar uma carga inteira. Depois de carregado, todo o material é analisado em laboratório e destinado para aterros ou para reciclagem.
O diretor-geral do Dmae, Alexandre Garcia, avalia que o período de instabilidade do tempo nas últimas semanas causou mais dificuldade aos trabalhos.
— A chuva atrapalhou um pouco o serviço nas últimas semanas. Por conta do volume grande de água escoando pelos córregos, fica mais difícil de retirar os resíduos — explica Garcia.
Ainda conforme o diretor, o Dmae segue tentando a liberação da licença ambiental da foz do Arroio Dilúvio, ao lado do anfiteatro Pôr do Sol, onde os serviços foram suspensos em razão da presença de cágados na região.
Os números
O Dmae informou que já foram cerca de 123 mil toneladas de resíduos retirados até o momento em Porto Alegre. Desses, 29,6 mil toneladas saíram da bacia do Arroio Dilúvio e seus afluentes.
A expectativa do Dmae é de que a limpeza ultrapasse 756,8 mil toneladas de resíduos acumulados até o final do ano. Segundo o órgão, isso equivale a 430 piscinas olímpicas cheias de itens retirados dos córregos. O acúmulo desses detritos é prejudicial ao meio ambiente e ainda apresenta riscos de cheias em períodos de chuva.
O contrato do município com o consórcio Suldrag vai até dezembro, com possibilidade de renovação por mais 12 meses. De acordo com o Dmae, a estimativa de investimento é de R$ 22.812.483,89.
Dragagem nos bairros
A dragagem do Arroio Dilúvio já foi concluída na área da bacia do Parque Marinha e acontece atualmente entre a PUC e Avenida Silva Só, em uma extensão de cerca de 1,6 quilômetro. Na Zona Norte, são cerca de seis quilômetros já concluídos, em partes do Arroio Passo das Pedras, foz do Gravataí e canais abertos, além da bacia de detenção de águas pluviais Porto Seco.
Já na Zona Sul, foram dragados cerca de 1,4 quilômetro em trechos do Arroio Sanga da Morte, Arroio Cavalhada, e bacias Belize, no bairro Restinga e Moradas da Hípica.