A confusão envolvendo uma influenciadora digital e um salão de beleza infantil da Capital foi parar na Justiça. Na noite de sábado (28), a juíza plantonista Cristina Nosari Garcia atendeu a um pedido da defesa da proprietária do salão e concedeu liminar para que a influencer “se abstenha da prática de atos difamatórios em relação à autora em qualquer ambiente de mídia digital”. O descumprimento implica em multa de R$ 5 mil por publicação.
A moradora de Guaíba Thielly Souza, 27 anos, que tem mais de 570 mil seguidores no TikTok, levou o filho de cinco anos para cortar o cabelo no Glamour Kids, na Capital, na quarta-feira (26). Depois, ela expressou nas redes sociais sua decepção tanto com o corte quanto com o tratamento recebido. Foi também à delegacia fazer um boletim de ocorrência.
O material viralizou na internet: um dos vídeos, que termina com a imagem do modelo em que o menino se inspirou e o resultado no cabelo dele, teve mais de 24 milhões de visualizações até esta segunda-feira (30). Karin Kramer, do escritório Denise Fincato Advogados, afirma que a proprietária do salão ficou extremamente abalada com a repercussão que o caso tomou, bem como os funcionários, que tiveram dificuldades de trabalhar na última semana com o assédio em torno da loja.
Segundo Karin, os vídeos da influenciadora estão causando danos materiais (pela queda de movimento) e imateriais à sua cliente, pelo vexame e repercussão em vários veículos de comunicação do Brasil. O pedido de liminar teve como objetivo cessar esses danos, ela defende.
— Sem entrar no mérito se foi feito com toda a diligência o corte ou se não foi feito, e, para nós, foi feito dentro do que era possívelxistem outras formas de resolver isso, não difamando, não acabando com a reputação e a honra de uma pessoa jurídica que está bem colocada no mercado, que atende bem os clientes — afirma a advogada.
Karin acrescenta que pode entrar com uma nova ação de cunho reparatório, mas o escritório ainda está estudando as possibilidades.
O advogado da influenciadora, David Domingues, destaca que ela foi orientada a não falar sobre o salão nas redes e que não vai descumprir nenhuma ação judicial. Mas ele aguarda acesso à integra do processo para decidir quais serão os próximos passos. Quanto ao registro na delegacia, ele adianta que nem se espera alguma investigação policial: o documento é visto como ferramenta que pode ser usada se o caso tiver desdobramentos na Justiça.
David destaca que a grande indignação de Thielly não se deu pela questão estética do corte de cabelo do filho, mas pelo tratamento que ela recebeu.
— Ela pediu para que fosse feito de uma forma, foi feito de outra, o profissional ignorou o que ela pediu e cortou totalmente diferente. Daí depois ela quis falar com a proprietária, que não quis falar com ela; ela pediu o Código do Consumidor, não tinha. Não queriam nem receber o pagamento para não passar o CNPJ (na nota). Aí, sim, chamou o segurança e fez o B.O. Não foi simplesmente o corte — afirma o advogado.
Sobre essas questões, a advogada do salão afirma que a proprietária não estava na loja no momento e que não aceitar pagamento em caso de descontentamento do cliente é uma política da casa.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul não passou mais informações sobre o caso porque o processo tramita em segredo de Justiça.