O processo de instalação de caixas d'água para a população que sofre com a falta de abastecimento no Morro da Cruz, na zona leste de Porto Alegre, segue a passos lentos. Duas semanas depois de os primeiros 400 recipientes serem levados à Escola Municipal Morro da Cruz, onde ficam armazenadas, cem já foram entregues, mas apenas uma está com o processo de instalação concluído.
Para que a caixa passe a levar água ao morador, ela precisa estar ligada a uma rede de abastecimento. Antes disso, deve ser colocada em uma estrutura feita, geralmente, à base de tijolos. Até o momento, grande parte das residências que já receberam reservatórios está agora no processo de montar essas estruturas.
Até a semana passada, a prefeitura de Porto Alegre havia distribuído materiais como sacos de cimento, areia, tijolos e postes para mais de 30 famílias. Segundo a comissão de moradores do Morro da Cruz, o período de Carnaval e o baixo estoque de materiais atrasou a entrega para mais 20 famílias para a próxima segunda-feira (7).
Por isso, ainda são poucas as famílias que já possuem condições de colocar o material em funcionamento. Ainda segundo a comissão, ao menos sete já estão com os equipamentos montados. Mas apenas a família de Joice Elisa Ribeiro Prestes já está recebendo água da caixa. Ela conta que o abastecimento é instável no local onde mora, mas que desde sábado (26), quando seu marido e o cunhado fizeram a instalação, consegue utilizar a água sem interrupções.
— Aqui a água sempre vem e vai. Mas desde sábado estou com a minha caixa d'água e estamos podendo usar durante todo o dia — conta.
Inicialmente, a prefeitura de Porto Alegre planejava iniciar as instalações logo após finalizar o cadastro das famílias nas regiões mais críticas. No entanto, a dificuldade em acessar algumas localidades e encontrar pontos adequados para construir as estruturas acabou adiando o processo.
Na última sexta-feira (25), membros da comissão se reuniram com representantes do município, incluindo o prefeito Sebastião Melo, para buscar agilizar as instalações, após moradores relatarem falhas na colocação dos materiais. O Executivo municipal afirma que só auxilia na instalação das casas que não possuem mão de obra e que caberia à comunidade trabalhar em conjunto com os moradores para a instalação. A comissão contabiliza cerca de 50 famílias que se comprometeram a finalizar o processo por conta própria.
O diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Alexandre Garcia, reconhece que houve alguns obstáculos no meio do caminho que tiveram de ser resolvidos, mas garante que já esperava que haveria dificuldades logísticas para executar as instalações. Segundo ele, embora uma medida efetiva, a caixa d'água, sozinha, não irá fazer o abastecimento chegar aos habitantes das regiões mais altas do morro.
— Não são as caixas as responsáveis por fazer a água chegar para essas pessoas, elas servem para trazer mais estabilidade ao sistema de abastecimento. Mas o mais efetivo são as obras de melhorias nas bombas, que já estamos fazendo. Inclusive, a médio prazo, começamos a planejar a implementação das redes formais no morro. Só assim a situação será resolvida — detalha.
Além disso, o Dmae projeta instalar ainda neste mês as três caixas comunitárias que serão colocadas no topo do morro, sendo duas com 15 mil e uma de 20 mil litros d’água. A previsão é de que, com a conclusão dessas obras, pelo menos 90 famílias serão atendidas.