Manter os animais de estimação seguros e livres de doenças são alguns dos desejos da grande maioria das pessoas. Em muitos casos, essa vontade vai de encontro com as finanças dos donos desses pets. É aí que entra o projeto Médicos Veterinários de Rua, de Porto Alegre. A iniciativa, que reúne profissionais e estudantes de Medicina Veterinária e Zootecnia, auxiliares veterinários e profissionais de outras áreas, visa atender animais de estimação que têm como tutores pessoas em situação de rua ou em vulnerabilidade social. O grupo é um projeto da Associação Médicos no Mundo, de São Paulo, que atende exclusivamente a moradores de rua.
Os pets passam por exames físicos e são avaliados para verificar se transmitem doenças para quem convive com eles. Caso detectada alguma zoonose – doença transmitida pelos animais –, seja no pet ou no tutor, ambos são tratados ou encaminhados para instituições públicas de saúde, de acordo com o grau de complexidade.
Segundo a médica veterinária e voluntária, Marianne Lamberts, 60 anos, os principais problemas identificados nos atendimentos aos animais de rua são verminoses, ectoparasitoses, tumores de mama e desnutrição, geralmente associadas a múltiplas gestações.
Ações
Nos dois primeiros sábados deste mês, em parceria com o grupo Prato Feito das Ruas, eles realizaram duas ações, na Avenida João Pessoa, embaixo do Viaduto Imperatriz Leopoldina, com o objetivo de alimentar as pessoas em situação de vulnerabilidade enquanto os pets destas eram atendidos pelos especialistas. A estudante de Medicina Veterinária e voluntária do projeto, Carol Lussani, 27 anos, informou que, na primeira ação, nenhum dos pacientes estava com a vermifugação ou antiparasitários em dia, então, foram feitas as aplicações.
Carol também confirmou que a ação no viaduto deve ocorrer, pelo menos, uma vez por mês. Segundo ela, a ideia é ir aos locais onde já existem outros projetos sociais ou líderes comunitários, que possuem relação com a comunidade. A partir desse contato, será analisada a situação dos animais.
Gratidão e afeto
De acordo com Marianne, os tutores dos animais costumam agradecer e dizer que buscam cuidar da melhor maneira possível daqueles que, muitas vezes, são a única família afetiva deles.
– Esse trabalho tem uma importância enorme para nós, até porque muitas ONGs que atendiam antigamente já não existem mais, dependemos muito do trabalho voluntário. E meus animais são meus guardiões o dia todo, significam minha vida, fico arrepiado só de falar sobre eles – diz José Luiz, 53 anos, morador de rua, dono de quatro cães.
– Na faculdade, não somos ensinados sobre como tratar pacientes em situação de vulnerabilidade. A gratidão dos tutores, a empatia e o trabalho em equipe são aprendizados para todos nós – opina a estudante e voluntária Carol.
Como ajudar
- Para que essas ações permaneçam, o projeto conta com doações da população. Entre os itens necessários para os voluntários estão: luvas descartáveis, máscaras descartáveis, álcool, solução fisiológica, algodão, seringas, caneta e lápis de cor.
- Já para cães e gatos, o projeto aceita doações de ração seca e úmida, comedouros e vasilhas, roupinhas, cobertas, guias, coleiras, brinquedos e remédios (principalmente vermífugo, antipulgas e carrapatos e antibióticos, todos dentro da validade).
- As doações podem ser entregues em três locais na Capital:
BahColiving – Rua Duque de Caxias, 1.597, apto. 101, Centro Histórico
Sulvet – Avenida Otto Niemeyer, 1.535, Camaquã
VisãoVet – Rua Mariano de Matos 623, Santa Tereza
- Caso você trabalhe ou estude na área da medicina veterinária e deseje participar do projeto, é necessário entrar em contato pelo e-mail vetsderua.rs@gmail.com ou pelas mídias sociais @vetsderua.rs.
Produção: Leonardo Bender