O barulho de papel rasgando podia ser ouvido de longe. A ansiedade ao abrir os presentes era nítida no rosto das crianças que foram contempladas com a ação Cartinhas, Um Sonho de Natal. Cerca de mil pessoas de Alvorada, na Região Metropolitana, das quais a maioria crianças de um a 11 anos, não foram esquecidas pelo Papai Noel neste Natal. lsso foi possível por meio de uma ação realizada pela Escola Salvador Jesus Cristo em parceria com a Brigada Militar do município.
Após dois meses de trabalho, as entregas foram realizadas nos últimos dias. A orientadora educacional da escola, Vanessa de Castilhos Susin, diz que a felicidade no rosto de quem recebeu os presentes era enorme. Os pedidos variaram de acordo com a instituição da qual a carta veio, mas os que mais emocionaram a equipe envolvida foram os de comida. Foram sete entidades contempladas, dentre elas escolas públicas e casas lares (abrigos).
— Por exemplo, este ano abrangemos a Casa da Sopa. Então, fizemos uma arrecadação de cestas básicas para estas pessoas. Mas os pedidos são simples. Teve uma cartinha que eu adotei em que a criança me pedia um Doritos — comentou Vanessa.
Incentivo
Vanessa conta que, no colégio, o viés de ajudar ao próximo é muito trabalhado com os alunos e, com isso, os estudantes incentivam a família na adoção das cartas:
— Tivemos uma família que adotou 20 cartinhas.
Além disso, ela relata que a comunidade alvoradense se engajou muito na ação.
O subcomandante do 24ª Batalhão de Polícia Militar, major Márcio Leandro Silva da Silva, por sua vez, disse que é de extrema importância a instituição participar destes projetos.
— A polícia é sempre vista como uma restritora de direitos. Baseado nisso (nas ações) é que vamos reconstruindo a imagem do brigadiano, trazendo ele como um verdadeiro amigo dessas crianças _ salienta o major.
Como funciona a ação
O projeto é desenvolvido desde 2019 e, neste ano, foi iniciado em outubro, com a impressão dos formulários (cartinhas). Após esta etapa, a Brigada Militar distribui os papéis em instituições que trabalham com pessoas em vulnerabilidade social — neste ano foram sete. Segundo o major Márcio, a BM busca locais que "não costumam receber esse tipo de ação, para que todo mundo possa ser englobado". Neste documento, a pessoa ou o responsável por ela (nos casos de crianças) conta um pouco de sua história e coloca três sugestões para presentes.
A BM volta aos locais para coletar as cartinhas preenchidas e devolve à Escola Salvador. As mesmas ficam à disposição da comunidade para serem adotadas.