Reformado em 2020, um recanto do Parque Farroupilha (Redenção), em Porto Alegre, foi vandalizado com tinta verde e branca. Parte do piso, cujas cores de destaque são o vermelho e o preto, ficou coberta pela pichação. A data em que ocorreu o ato ainda não foi determinada pela Secretaria do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), gestora dos parques de Porto Alegre. A pasta informou que irá até o local para fazer um levantamento fotográfico e, depois, serão solicitadas providências.
A reportagem questionou a Secretaria Municipal de Segurança, responsável pelo monitoramento virtual do parque através do sistema de câmeras, se houve identificação do momento e dos responsáveis pelo ato. A pasta disse que, até o momento, não chegou nenhuma requisição de imagens ao Centro Integrado de Comando (Ceic), ambiente em que é feito o monitoramento. Nas proximidades do recanto, existem quatro câmeras de monitoramento, mas duas estão fora de operação.
O local, contíguo ao lago, virou alvo de polêmica neste mês de outubro, após frequentadores da Redenção terem denunciado em redes sociais que o desenho fazia menção a uma suposta suástica nazista. Houve reverberação em torno do assunto e o prefeito Sebastião Melo determinou que a Secretaria Municipal da Cultura (SMC) produza um laudo sobre a pintura do piso. Caso haja identificação de qualquer inspiração nazifascista, Melo antecipou que irá determinar a remoção da obra. O trabalho de análise técnica da Cultura segue em andamento.
Outra questão é desvendar se houve autorização da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (Epahc), o que é necessário para intervenções na Redenção desde 1997, quando o parque foi integralmente tombado como patrimônio histórico, cultural, natural e paisagístico de Porto Alegre.
Especialistas ouvidos por GZH, desde arquitetos até doutores em História da Arte, foram unânimes em refutar qualquer semelhança da obra no solo com o nazismo. O delegado Paulo Jardim, da Polícia Civil, especializado em investigações sobre apologia ao nazismo, também rejeitou que o desenho represente uma suástica do regime de Adolf Hitler.
No surgimento da polêmica, a Smamus disse, em nota, que os traços do piso faziam parte do “projeto original” do recanto, o que havia sido resgatado na reforma de fevereiro de 2020. A prefeitura ainda disse, inicialmente, que “há registros da existência destes detalhes no piso já em 1943”.
A obra
A restauração do piso nesse trecho da Redenção, contíguo ao lago, fez parte de uma reforma mais ampla realizada em 2020. Os serviços foram orçados em R$ 3,3 milhões e os recursos foram aplicados pela Cyrela Sul Empreendimentos Imobiliários, a partir de um termo de conversão em área pública (TCAP) em contrapartida a uma edificação na Rua Cabral.
Coube à Cyrela contratar a empresa que executou os serviços. Entre as melhorias, constaram a colocação de saibro rosa em cerca de 60 mil metros quadrados de área, nova academia de ginástica, reforma de três recantos infantis, restauro da fonte luminosa e qualificação de outros espaços do parque.