Após aparecer com destaque nas Olimpíadas de Tóquio, o skate também evolui em sua cena na capital dos gaúchos. Para treinar manobras da modalidade street, skatistas de Porto Alegre construíram, por conta própria, rampas embaixo do Viaduto Imperatriz Leopoldina, na Avenida João Pessoa, espaço conhecido por eles como “Brooklyn”.
Usando sacos de cimento, pedras e estacas de madeira, o grupo de skatistas fez a pequena obra — que não é a primeira intervenção realizada por eles no local. Ao lado da mureta de concreto, há um caixote "sobe e desce", uma rampa em curva que lembra um tubo cortado e outra específica para tentar o "wall ride" — manobra em que o skate desliza em uma parede. Também foi instalado um corrimão, onde os skatistas realizam manobras.
A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi) afirma que fez uma vistoria no local e garantiu que as intervenções não causam danos à estrutura do viaduto.
"Após vistorias da fiscalização e da Guarda Civil, onde não foi identificado dano à estrutura do viaduto nem obstáculos que impossibilitem a circulação, e se tratando de um espaço que já vinha sendo utilizado para o lazer, esporte e cultura, incluindo o próprio cenário do skate, as intervenções serão mantidas", informou a secretaria em nota.
A prefeitura disse que iria conversar com a Federação Gaúcha de Skate e o grupo responsável pelas intervenções no viaduto para sanar dúvidas a respeito da possibilidade de intervenções futuras. Os skatistas que realizaram as obras não quiseram se manifestar.
— Nossa intenção, em nenhum momento será impedir que a população utilize os espaços públicos, muito pelo contrário. Temos trabalhado no sentido de reaproximar os porto-alegrenses da cidade, e, em parceria com a população, cuidar, melhorar e embelezar Porto Alegre — afirmou o secretário da Smoi, Pablo Mendes Ribeiro.
Cena do skate na Capital
Criado na Califórnia, nos Estados Unidos, por necessidade dos surfistas que queriam continuar "surfando" fora do mar, o skate quebrou barreiras e se tornou um esporte radical de sucesso.
Porto Alegre não tem mar, porém, no sábado (23), inaugurou de frente para as águas do Guaíba a maior pista de skate da América Latina. Os herdeiros do esporte radical agora têm na Capital um espaço moderno, que poderá receber grande eventos nacionais e internacionais — é o que projeta o presidente da Federação Gaúcha de Skate, Régis Lanning:
— Já estamos em algumas conversas iniciais para trazer eventos internacionais para cá no ano que vem. Não só internacionais, mas eventos importantes nacionais também — informou.
Segundo Régis, que é skatista desde a década de 1980, o esporte cresceu muito em Porto Alegre, antes mesmo das Olimpíadas, mas admite que os Jogos de Tóquio despertaram um interesse inédito nas pessoas pelo esporte.
— Não só Porto Alegre, mas o Estado do Rio Grande do Sul é uma referência para o skate há muitos anos, com grandes skatistas formados aqui e ganhando o mundo. Mas, sim, o pós-Olimpíada trouxe um boom em número de novos praticantes de skate — comentou.
A Federação Gaúcha de Skate diz que vem sendo procurada com frequência por prefeituras de municípios de todo o Estado em busca de tirar dúvidas para implementar o esporte em suas escolas. Além disso, têm demonstrado interesse em construir pistas e rampas em suas cidades.
*Produção: Guilherme Gonçalves