A prefeitura de Porto Alegre está recolhendo dados sobre transporte urbano para finalizar, até o final de 2021, um pré-estudo de viabilidade técnica e financeira para a construção de uma linha de aeromóvel entre o Centro da cidade e a Avenida Cairú.
— É uma discussão inicial, estamos pensando alternativas de mobilidade e o aeromóvel é uma delas. Seria um sistema de transporte aéreo, por cima do corredor de ônibus da Avenida Farrapos. Ele não pararia e andaria por seis quilômetros em linha reta — diz o secretário Municipal de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia.
As extremidades da linha possivelmente ficariam no Largo Glênio Peres, no Centro, e no terminal de ônibus da Avenida Cairú. O projeto tem potencial para causar modificação na rotina da cidade porque o corredor de ônibus seria extinto entre a Avenida Cairú e o Centro. O aeromóvel seria elevado e as faixas por onde trafegam os coletivos virariam canteiro, espaço para circulação de pessoas e ciclovia. As faixas de rolamento de veículos ganhariam mais espaço.
No governo do prefeito Sebastião Melo, a avaliação é de que um aeromóvel na Avenida Farrapos ajudaria no desenvolvimento do 4º Distrito, região da Capital que há anos é alvo de tentativas de alavancagem social e econômica. Uma das justificativas é de que o atual corredor da Avenida Farrapos, por cortar a região ao meio, dificulta a integração e o desenvolvimento. Por outro viés, ter esse modelo de transporte, diz Záchia, reduziria o quantitativo de ônibus com passageiros da Região Metropolitana que ingressam no centro de Porto Alegre.
Caso a ideia seja levada adiante, os coletivos de outras cidades teriam seu terminal na Avenida Cairú, onde eles já fazem transbordo hoje, deixando de seguir viagem depois até o Centro. Ainda não se sabe o destino das linhas de ônibus de Porto Alegre que atualmente transitam pelo corredor da Avenida Farrapos — geralmente as originárias da Zona Norte. Para Záchia, essa é uma dentre outras questões que terá de ser respondida pelos estudos técnicos.
Conforme dados levantados pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, no período pré-pandemia, 200 mil pessoas circulavam de ônibus pela Avenida Farrapos por dia. A avaliação inicial, ainda carente de cálculos mais apurados, é de que o volume sustentaria financeiramente a operação de um aeromóvel.
— Entram na cidade 7 mil viagens por dia da Região Metropolitana (dados pré-pandemia). Isso é um problema. Sem dúvida, se os estudos demonstrarem viabilidade técnica e financeira, é uma alternativa para a cidade. Temos de lidar com esse problema do excesso de ônibus no Centro — diz Záchia.
O pré-estudo será feito pela própria secretaria e deverá estar pronto até o final de 2021. Se ele indicar viabilidade, serão feitas novas análises técnicas pormenorizadas, incluindo desenho de engenharia e projeção de custos. Záchia avalia que não há dinheiro em caixa na prefeitura para tocar a obra, considerada “cara”, o que demandaria a busca por um financiamento externo. Caso a ideia seja concretizada, a tendência do governo Melo é de optar pelo encaminhamento de uma concessão à iniciativa privada para a operação do aeromóvel, no futuro.