O sexto dia de buscas aos dois bombeiros desaparecidos no incêndio da Secretaria da Segurança Pública (SSP) recebeu apoio de dois cães farejadores de Santa Catarina. O trabalho está focado em um quadrante indicado por análises da possível localização dos militares dentro do prédio em ruínas. Nesta terça-feira (20), as buscas avançaram em metade desta área e as equipes direcionam esforços agora nos 50% deste perímetro que ainda faltam ser verificados. O trabalho seguirá ininterrupto durante à noite.
O ponto que vem sendo o foco do trabalho está localizado no terço esquerdo do prédio, mas não tem uma metragem específica. Foi definida conforme relatos, estudos da dinâmica do incêndio, do colapso da estrutura e da análise dos cães farejadores.
— Não realizamos mediação diária desse quadrante, mas estudo da região onde supostamente eles podem estar. Esse quadrante está no terço esquerdo do prédio. É onde as esquipes estão trabalhando. Os acessos ali eram mais seguros. Realizamos o acesso onde há mais segurança para o bombeiro que está trabalhando, se ele tiver que deslocar e realizar limpeza para que chegue onde supostamente estão, faremos isso. A noite inteira abriremos frentes de trabalho para avançar mais ainda e o quanto for possível. Nos 50% analisados já se descarta que eles estejam porque o trabalho é minucioso — explicou no final da tarde o tenente-coronel Eduardo Estevam Rodrigues, comandante do 1° BBM de Porto Alegre e coordenador das ações de busca.
São 88 pessoas envolvidas nas buscas, entre bombeiros e técnicos. De 15 a 20 homens atuando dentro da estrutura. Dois cães e dois bombeiros militares de Santa Catarina já participaram do trabalho nesta terça-feira, os animais auxiliam os quatro cães de Santa Maria que já vêm atuando na área.
— Hoje tivemos aumento significativo de equipes para que o mais rápido possível possamos encontrá-los. Solicitamos esse reforço para aumento da abrangência e maior precisão do local de busca. Avançamos muito e chegamos num núcleo onde supostamente estão nossos bombeiros militares, segundo todos os estudos realizados. Diante disso estamos ampliando as frentes de trabalho para que, com segurança, façamos a busca aliada ao aumento efetivo da equipe de cães farejadores — afirma o tenente-coronel.
Enquanto uma equipe entra na estrutura, tentando fazer resgate, também há outra que fica do lado de fora verificando todo o material retirado e averiguando se existe algum vestígio que possa indicar a localização de bombeiros.
Paralelo a busca interna no prédio em ruína, técnicos utilizam equipamentos para monitorar e realizar a estabilização de estruturas. Como os bombeiros estão chegando próximo ao núcleo da edificação, é necessário estabilizar pilares, vigas e lajes que estão prestes a cair. Além da análise e da busca, há militares focados na limpeza da área
— Este não é um trabalho fácil, são muitos escombros, material e muito entulho. Temos que retirar com cuidado. Não é um serviço de demolição, mas de resgate dos bombeiros. É cuidadoso e detalhado, garantindo segurança e estabilizando o local. Desde a base de entrada do prédio, tínhamos muito material de construção e elementos estruturais que estavam obstruindo a entrada. Nossas equipes são treinadas para essas ações, abrir acessos e decidir onde fazer escoramento com segurança.
Na manhã desta terça, ainda havia pontos de fumaça espessa saindo do miolo do prédio. O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Cesar Bonfanti, explica que ainda há focos de fogo dentro do prédio e que chamas localizadas podem retornar mesmo com o vento e o frio.
— O próprio vento pode reascender algum foco. Por isso estamos o tempo inteiro com mangueira para ir resfriando. Cada trabalho é uma novidade, a gente vai encontrando os riscos a cada momento. Se acha alguma dificuldade e se encontra alguma facilidade. Esperamos conseguir avançar. Ainda tem muita coisa solta, pilares, vigas que estão escoradas. E as máquinas pesadas seguem atuando — afirma o coronel.