Um protesto convocado pelas centrais sindicais ocupou o Largo Glênio Peres, no Centro Histórico, em Porto Alegre, na manhã deste sábado (1º). Em referência ao Dia do Trabalhador, o ato batizado de “1º de Maio Pela Vida” teve discursos com críticas ao governo federal e faixas culpando o presidente Jair Bolsonaro pela má condução da pandemia de coronavírus no Brasil. Um papelão em letrais azuis tinha escrito “vacina já” e uma saudação ao Sistema Único de Saúde: “viva o SUS”.
Estampado em um banner, o desenho de um crocodilo com uma ampola na mão fazia referência a uma das tantas críticas de Bolsonaro aos imunizastes - o político disse não ter culpa caso o paciente sofresse uma mutação ao tomar a vacina: “se virar jacaré, é problema seu”, disse o presidente em dezembro de 2020.
A defesa do emprego e a manutenção do auxílio emergencial também fizeram parte da pauta de demandas.
Tendas foram erguidas ao lado do Mercado Público. Centenas de manifestantes carregavam bandeiras ligadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), e de entidades de servidores estaduais e federais.
O governador Eduardo Leite também foi alvo de críticas.
– Já vivemos momentos difíceis, mas como esse nunca. Quero ver como vai ser nas as escolas - afirma a professora da rede estadual Neiva Lazzarotto, 57 anos, há mais de 30 no magistério.
Além da manifestação, o dia foi de ajuda à quem está sem renda. Caminhões do Movimento Sem Terra (MST) levaram até o local 55 toneladas de alimentos, destinados às famílias afetas na crise econômica gerada pelo fechamento do comércio para tentar conter o avanço da covid-19.
O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Estado (Sindisaude-RS) encheu uma barraca com sacolas de pano, repletas de pacotes de comida. Ao todo, segundo a direção, 150 cestas básicas foram montadas.
Uma campanha do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, Indígenas e Africanos (Neab) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) reuniu uma tonelada de alimentos, segundo Tamyres Filgueira, 33 anos, servidora da universidade.
– É um momento muito difícil, de insegurança alimentar. As famílias não têm garantia de quantas refeições farão no dia. O país tem produção de alimentos, não é por falta de dinheiro que isso acontece - critica.
A manifestação começou às 10h, e a entrega de alimentos não perecíveis pode ser feita até as 16h. Ao meio-dia, ainda havia um grande número de pessoas no Largo Glênio Peres.