A prefeitura de Porto Alegre confirmou nesta segunda-feira (12) a primeira morte de um bugio por febre amarela no território da Capital. O animal foi encontrado sem vida no mês fevereiro em uma propriedade no bairro Lageado, no Extremo-Sul. O primeiro exame realizado no Laboratório Central do Estado (Lacen/RS) teve resultado negativo. A febre amarela foi confirmada na contraprova feita na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. O resultado foi divulgado na última sexta-feira (9).
A diretora adjunta da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Fernanda Fernandes, explica que a febre amarela é uma doença viral transmitida por mosquitos que habitam áreas silvestres. A vacinação é a principal maneira de prevenção da doença. Segundo ela, o animal encontrado morto na Capital pode ter deixado uma área de mata, provavelmente, por estar doente. O primata acabou atacado por cachorros que viviam na região:
— Os bugios não passam a doença para os humanos. Quando eles começam a adoecer ou morrer, precisamos ficar atentos e tomar alguma medida. Já emitimos um alerta técnico para os serviços de saúde de Porto Alegre para que os médicos fiquem atentos, principalmente na região que tivemos essa ocorrência, para possíveis sintomas da doença na população que procurar atendimento.
Os principais sintomas da doença são o início súbito de uma febre alta, dor de cabeça intensa e duradoura, ausência de apetite, náuseas e dores no corpo.
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) emitiu uma nota informativa com atualização da situação epidemiológica no Estado na última sexta-feira (9). De acordo com o documento, a morte ou o adoecimento na população animal de bugios sinaliza a circulação do vírus nas matas. Os bugios funcionam como “sentinelas”, alertando para a necessidade de verificação da situação vacinal da população local.
"Com a circulação do vírus em matas, os primatas não humanos são primeiramente atingidos. As pessoas não vacinadas que habitam regiões rurais ou silvestres, ou que se deslocam para essas áreas, estão sob risco", diz o texto.
O Rio Grande do Sul não registrava a presença do vírus causador da febre amarela desde 2009. Em janeiro de 2021, foi confirmado um caso no município de Pinhal da Serra, próximo à divisa com Santa Catarina. Desde então, em outros 15 municípios houve confirmação da presença do vírus.
Alerta para vacinação
As pessoas que não estão imunizadas contra a doença são contaminadas somente ao serem picadas pelo mosquito transmissor. Por isso, segundo a Vigilância em Saúde de Porto Alegre, quem não tem comprovação vacinal contra a febre amarela é considerado não imunizado e deve procurar uma unidade básica de saúde para orientação.
— Não precisa ser uma correria aos postos de saúde, mas é preciso ligar o alerta para a febre amarela. A vacina existe e é a prevenção. A população também deve ficar atenta para, quando encontrar animais mortos, avisar as autoridades de saúde para que coletem o material e verifiquem se o primata estava contaminado — complementou Fernanda Fernandes.
A vacina contra a febre amarela é produzida pela Fiocruz e precisa ser aplicada somente uma vez entre os cinco e os 59 anos. Crianças devem tomar a primeira dose aos nove meses e um reforço aos quatro anos. A vacinação de pessoas com mais de 60 anos, gestantes e mulheres que estejam amamentando bebês menores de seis meses deve ocorrer em situações especiais, como emergência epidemiológica.