A confirmação nesta semana de um caso de febre amarela em um bugio encontrado morto no interior de Pinhal da Serra, município de pouco mais de dois mil habitantes próximo à divisa com Santa Catarina, traz o alerta da circulação do vírus no Rio Grande do Sul. É a primeira vez desde 2009 que o Estado tem incidência da doença em macacos, o que indica a circulação do vírus.
A mortalidade de animais dessa espécie começou a ser notada no dia 7 de janeiro. De acordo com o secretário da Saúde de Pinhal da Serra, Kalil Costa e Silva, foram localizados, desde então, 12 bugios mortos em quatro capelas de diferentes regiões do município. Nem todos tiveram material colhido para análise porque alguns já estavam em avançada decomposição, segundo o secretário. No total, foram quatro amostras levadas ao Laboratório Central do Estado, mas a maioria ainda aguarda o resultado.
Os casos de febre amarela são classificados como silvestres ou urbanos. O vírus transmitido é o mesmo, mas o que muda é o mosquito envolvido na transmissão. No caso de Pinhal da Serra, a doença é a silvestre. O secretário afirma que, por enquanto, é baixo o risco de transmissão para a população, ainda que 75% dos habitantes residam na zona rural.
Segundo ele, todos os moradores foram imunizados em 2009 e as campanhas continuam para garantir alta taxa de cobertura. Quem não está com a dose em dia deve agendar a imunização pelos telefones (54) 3584-0275 ou (54) 9.8418-2128. Elas são aplicadas no único posto de saúde do município às terças-feiras, mas na próxima semana também serão feitas em uma unidade de saúde na localidade de Serra dos Gregórios.
De acordo com a titular da 5ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Claudia Daniel, existe uma estratégia junto ao município de acompanhamento dos casos traçada desde o início de janeiro. Isso ocorre tanto por meio do monitoramento de morte de bugios, quanto de avaliação de taxa de imunização na região.
— Todos os municípios dos Campos de Cima da Serra têm doses da vacina. Foi realizado um censo em 2017 e tem uma cobertura bem importante. Na região, várias cidades têm taxas acima de 100%. Mas a gente sabe que existe uma população migrante que pode vir a alterar esses dados — salienta.
A coordenadora explica que quem não sabe se está vacinado pode procurar a Secretaria Municipal da Saúde, porque houve cadastro da imunização em 2009.
O biólogo Marco Antônio Barreto de Almeida, da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde do Estado, explica que está vulnerável a população não imunizada que tem contato com áreas de floresta, ainda que sejam partes pequenas de mata. Desde 1942, o Brasil não tem casos de febre amarela urbana, ainda que nos últimos anos tenha ocorrido aumento da contaminação no país.
— Maior é a preocupação quanto menor for a cobertura vacinal. O que nós temos de informação é que as coberturas vacinais seriam bastante altas naquela região. Mesmo assim, é necessário esforço para identificar possíveis faltosos.
Ele ressalta ainda que não são os bugios responsáveis pela transmissão do vírus, mas sim mosquitos. De acordo com o biólogo, é provável que mais macacos tenham morrido em decorrência da contaminação, já que a espécie é muito sensível à doença.
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O que é a febre amarela
É uma doença infecciosa causada por vírus, que se manifesta por febre, dor no corpo, amarelão, fraqueza e com alto risco de morte em suas formas graves.
Sintomas da febre amarela
Os sintomas iniciais incluem febre de início súbito, calafrios, dores de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Após esse período inicial, geralmente ocorre declínio da temperatura e diminuição dos sintomas, provocando uma sensação de melhora no paciente. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença.
Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Entre 20% e 50% das pessoas que desenvolvem doença grave podem morrer. A doença pode levar à morte, se não for tratada rapidamente. Nos casos que evoluem para a cura, a infecção confere imunidade duradoura. Isso quer dizer que você só pode ter febre amarela uma vez na vida.
Vacinação
O SUS oferece gratuitamente a vacina contra a febre amarela que está disponível para a população em quase 2 mil salas de vacinas de Unidades Básicas de Saúde do Estado. Uma dose única da vacina é suficiente para conferir uma imunidade sustentada e uma proteção para toda a vida contra esta doença, não sendo necessária a dose de reforço. Pessoas com idade entre nove meses e 59 anos devem receber uma dose da vacina.
A vacinação de pessoas com mais de 60 anos, gestantes e mulheres que estejam amamentando, além de crianças menores de seis meses deve ocorrer apenas em situações especiais, como emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco. Nestes casos, a avaliação de risco/benefício deve ser feita por um médico. Em mulheres que estejam amamentando, pode-se considerar a suspensão do aleitamento materno por 10 dias.