Após aparecer com tatuagens pelo corpo, um cão vira-lata de pelagem branca chamou a atenção de quem passava pela Praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre, na tarde de quarta-feira (6). O animal tem palavras e desenhos rabiscados pelo corpo. O tutor do cão foi notificado pela prefeitura.
Uma moradora do centro que passava pela região na tarde de quarta fez fotos do animal e compartilhou nas redes sociais. A mulher, que não quis se identificar, relata que as pessoas ficaram apreensivas sobre o produto utilizado no animal, que poderia ser tóxico ou até causar dor durante a aplicação. Segundo a moradora, o cachorro é de um homem que trabalha na praça.
— Eu estava na correria e, com o susto, fiquei sem reação. Não consegui ajudar, não consegui pensar no que fazer. Então postei para ver se alguém conseguia fazer algo. O homem que estava com o cachorro disse que ninguém ia tirar o cachorro dele e que aquela era a forma de ele se expressar — conta.
— Muita gente parava para olhar, a gente ficou se perguntando se a tinta usada poderia ser tóxica, permanente. Os riscos estão bem pretinhos, parece que são recentes — completou.
Procurada, a secretaria de Meio Ambiente da Capital afirma que uma equipe esteve no local na manhã desta quinta-feira (7) e localizou o animal e o casal que cuida do cão. Por meio de nota, a pasta informou que o cachorro está em bom estado de saúde, sem alergias por conta da tinta e com a carteira de vacinação em dia. A prefeitura afirmou que a tinta foi a usada em tatuagens de henna e é "natural e não tóxica", mas que a remoção "não foi possível de maneira imediata por ser de longa duração".
Como o cão está em bom estado de saúde, "não há base para uma ação imediata de retirada" do cachorro do tutor, informou a assessoria de imprensa. O tutor recebeu uma notificação com caráter de advertência, conforme a prefeitura, indicando que não deve voltar a aplicar a tinta no cão, "de modo a evitar estresse ao animal ou mesmo ações prejudiciais por terceiros em razão das pinturas". Se a ação se repetir, a pasta afirmou que pode emitir um auto de infração com possibilidade de perda da tutela do cachorro.
A pasta também não informou qual a justificativa do tutor para os desenhos no animal.
A reportagem de GZH esteve no centro no final da manhã desta quinta-feira, mas não conseguiu localizar o tutor nem o cão. Um grupo de policiais que estava no local e outros trabalhadores que ficam na praça afirmaram que o homem teria deixado o espaço depois da repercussão do caso.
Confira a nota da prefeitura na íntegra:
"Diante das denúncias recebidas, a equipe de fiscalização da Diretoria Geral dos Direitos Animais (DGDA) foi deslocada até a Praça da Alfândega e fez a avaliação do animal. Foi constatado que ele se encontra em boas condições de saúde, sem alergias de pele e com a carteira de vacinação em dia. A remoção da tinta, que é natural e não tóxica, não foi possível de maneira imediata por ser de longa duração. O tutor recebeu uma notificação de orientação com caráter de advertência, indicando que não deve voltar a aplicar a tinta — de modo a evitar estresse ao animal ou mesmo ações prejudiciais por terceiros em razão das pinturas. Caso a situação volte a ocorrer, auto de infração pode ser emitido, com possibilidade de perda da tutela.
*Colaborou Jéssica Weber