Quarta-feira (23) seria um dia importante para Brenda Oliveira da Silva, 18 anos. A jovem se formaria no terceiro ano do Ensino Médio e, em seguida, daria início a um curso técnico de enfermagem para, quem sabe, um dia realizar o grande projeto de virar pediatra. A morte de Brenda ocorrida três dias antes ao cair de um viaduto da Rodovia do Parque (BR-448), em Porto Alegre, suspendeu o evento e cancelou para sempre o seu sonho.
Brenda havia saído de casa na carona de uma moto com o namorado, enquanto o pai e a madrasta seguiam em outra motocicleta, para admirarem o pôr do sol de cima da nova ponte do Guaíba. Tanto o pai quanto o namorado são entusiastas do motociclismo, e a jovem estava habituada a andar como passageira sobre duas rodas desde pequena.
Circulavam por uma das alças do viaduto da BR-448, na chegada a Porto Alegre, próximo à Arena do Grêmio, quando a moto em que ela estava teria sido fechada por um carro, conforme a versão da família, e bateu contra a mureta de proteção. O rapaz caiu sobre a pista, mas Brenda voou para o lado oposto e despencou de uma altura de quase 15 metros.
O pai desceu até ela e a amparou, ainda consciente, até a chegada da ambulância que a conduziu ainda com vida ao Hospital Cristo Redentor, na Zona Norte.
— Ela estava muito apaixonada pelo namorado. Um era o primeiro amor da vida do outro. O rapaz gostava de moto, e o pai dela também. Foi uma fatalidade — relembra a mãe, Lisa Maria de Oliveira, 43 anos, que perdeu a filha e uma atenciosa ajudante.
Pouco mais de um mês antes, Lisa havia levado cinco facadas no pescoço enquanto trabalhava como motorista de aplicativo no município de Alvorada, na Região Metropolitana, durante um assalto. Quem cuidava da mãe e acordava de madrugada para lhe dar os remédios para aplacar a dor, na casa em que moravam juntas em Gravataí, era Brenda. A jovem também ajudava a tomar conta do irmão mais novo, Matheus, três anos.
Lisa acredita que a filha ainda esteja zelando por ela:
— Nos últimos dias, eu não senti mais dor na região do pescoço. É como se estivesse anestesiada. Acho que é a Brendinha que ainda está cuidando de mim.
Marido de Lisa e padrasto da vítima, Régis Muller conta que a enteada era bastante religiosa e frequentava um grupo de jovens da Igreja Católica.
— Ela era muito querida por todos. Os colegas do colégio Dom Feliciano, de Gravataí, ficaram tão abalados que a formatura foi adiada. Todos foram ao velório — recorda Muller.
As comemorações de Natal da família também foram canceladas em razão da perda de Brenda, que morreu poucas horas depois do pôr do sol que não chegou a ver no domingo.