Foi enterrado ao meio-dia desta terça-feira (27), no Cemitério Jardim da Paz, o corpo do menino atropelado por um caminhão no bairro Bom Jesus, zona leste de Porto Alegre. Wesley da Silva Cezar, seis anos, teria entrado embaixo do veículo estacionado na frente da sua casa. Segundo informações preliminares, o condutor não percebeu a presença do menino antes de arrancar.
Wesley é descrito por familiares como um menino educado, carinhoso com os pais e muito risonho.
— Era doce e vivia com um sorriso no rosto — conta a tia Patrícia Chaga, 31 anos.
Gremista desde cedo, o menino adorava jogar futebol. Acompanhava a família nos cultos e gostava das aulas na Escola Municipal José Mariano Beck, que fica perto de onde morava. Fazia direitinho os deveres que a mãe buscava impressos no colégio durante a pandemia de coronavírus.
Wesley era fã do Homem Aranha. Vivia com a fantasia que a tia deu para ele no aniversário de cinco anos. Tinha um cachorro, que criou desde filhote, o Olegário.
— Até dormia com ele — relembra Patrícia.
Wesley era filho de recicladores, e o caminhão que o atingiu havia ido buscar uma carga de materiais coletados pelos pais, na tarde de segunda-feira (26). Ele chegou a ser levado para a Unidade de Pronto-Atendimento da Vila Bom Jesus, mas não resistiu.
Familiares e amigos estão organizando uma caminhada na tarde da próxima segunda-feira (2), feriado de Finados, pela Rua Joaquim Porto Vilanova (Rua T), até a frente da casa do menino. O objetivo é mostrar solidariedade à mãe.
— A vila está em choque com o que aconteceu. Queremos mostrar para a minha irmã que todas as mães estão chorando por ela — diz Patrícia.
O condutor, que não teve o nome divulgado, deve responder em liberdade por homicídio culposo (sem a intenção de matar), com o agravante de não possuir CNH.
Ele ainda não prestou depoimento na Delegacia de Homicídios de Trânsito, onde ocorre a investigação. Não há data ainda para isso acontecer.
— Primeiro, a gente aguarda os resultados da perícia, necropsia, vê se há alguma câmera nas imediações. Depois ele é ouvido — explica o titular da delegacia, Carlo Butarelli.