Entidades que representam os donos de comércios, bares e restaurantes de Porto Alegre celebram a flexibilização das restrições de atividades, que deve ser publicada em decreto ainda nesta terça-feira (1º) pela prefeitura da Capital. O prefeito Nelson Marchezan anunciou as novas medidas em uma reunião virtual com empresários e representantes de diferentes setores comerciais da Capital.
Segundo Marchezan, as medidas passam a vigorar a partir desta quarta-feira (2).
— A ocupação de leitos de UTI e o seu crescimento sempre foram as nossas referências. Com base nisso é que tomamos as decisões. Se esse percentual tiver um crescimento nas próximas semanas, com tristeza, talvez tenhamos que retroceder — destacou o prefeito.
O comércio de rua e centros comerciais poderão funcionar das 9h às 17h, de segunda a sábado. Já o horário de shoppings centers será das 12h às 20h. O presidente da CDL Porto Alegre, Irio Piva, considerou uma evolução a ampliação do funcionamento aos sábados.
— É importante valorizar essa conquista. Acrescentar essa hora no comércio de rua e nos shoppings significa um alento. Vamos fazer o máximo para que tudo ocorra dentro da nova normalidade — defendeu Piva.
O presidente Sindilojas, Paulo Kruse, corrobora com a opinião. Segundo ele, as alterações representam um "avanço muito grande":
— Vai permitir a possibilidade de atingirmos o cumprimento do custo que temos. Nós estávamos vendo um índice de 30% a 40% de vendas em comparação ao ano passado. Agora, estimamos que esse número passe para 50% a 60%. O lojista, depois de tanto tempo fechado, precisava disso.
Bares e restaurantes, incluindo os localizados em centros comerciais, poderão abrir entre 11h e 22h, também de segunda a sábado. Na visão da presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel-RS), Maria Fernanda Tartoni, a retomada representa um alívio para o setor:
— É muito importante essa abertura, pois já estávamos no "respirador". Vamos seguir trabalhando na conscientização dos nossos associados e seguir conversando para que, daqui a pouco, possamos pensar na abertura aos domingos, por exemplo — comentou.
Templos e igrejas ficarão autorizados a funcionar com limite de 30% da capacidade, com no máximo 250 pessoas dentro do mesmo ambiente. Conforme Marchezan, os cultos poderão durar no máximo 50 minutos, com distanciamento de dois metros entre os frequentadores.
O coordenador regional da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Eduardo Oltramari, criticou a restrição das 20h às 22h. Segundo ele, haverá aglomerações em restaurantes e lanchonetes — permitidos a funcionar até as 22h.
— As atividades de alimentação representam 9,2% de um shopping center. O shopping acabará tendo um ônus de ficar 100% aberto, com seus custos fixos, como segurança e limpeza, até as 22h — aponta.
Presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio (Sindec) de Porto Alegre, Nilton Neco afirma que, desde o começo, o sindicato foi "defensor da quarentena e do isolamento social", mas sempre entendeu que ele não é o vilão da propagação do vírus.
— Por isso era concebível admitir que o comércio continuasse fechado, até porque ele é um dos grandes geradores de emprego na cidade. Então, essa ampliação do horário é boa, porque oportuniza para as pessoas terem um horário a mais para fazer suas compras, principalmente aquelas que estão trabalhando. É também uma oportunidade de manter o emprego dos trabalhadores e os negócios vivos — diz Neco.