No terceiro dia de leilão, o Hotel Everest, no Centro Histórico, abriu as portas para receber o público em geral para a venda de mobílias e objetos que fazem parte da história de 56 anos do local. A empresa encerrou atividades neste ano.
Antes mesmo de as portas do estabelecimento serem abertas, a movimentação era intensa do lado de fora. Dezenas de pessoas se aglomeravam na entrada do prédio e outras tantas se espalharam em uma fila que descia, praticamente, até o final da rua Marechal Floriano Peixoto. As vendas tiveram de ser interrompidas à tarde por conta da falta de estrutura e organização para atender a tantos interessados.
Em meio a caixas de peças de louça e taças, o produtor cultural Lucíolo Brutus, 46 anos, tentava garimpar uma boa oportunidade de compra:
— A maioria dos itens que eu queria já foi vendida nos dias anteriores de leilão. Agora, estou avaliando o que restou de bom. Tem uns lustres e cabeceira de cama interessantes. Quero itens para uso imediato, mas também estou em busca de utensílios e equipamentos de cozinha, porque quero ter um negócio no ramo. Contudo, quase tudo já foi comercializado. Estou tentando aproveitar o que for possível, mas é uma tristeza ver esse hotel, tão importante para a cidade, fechando as portas.
O professor aposentado Mardoteu Pires, 72 anos, veio de Novo Hamburgo à Capital para conferir as ofertas. Ele saiu carregado com duas cadeiras de descanso, um quadro de giz, uma mesinha e um armário de quarto. Ele e a esposa chegaram na fila por volta das 7h, mas relatam algumas dificuldades que enfrentaram:
— Não tinha organização. Nós, ali da fila, é que organizamos a distribuição informal de fichas para que não houvesse mais confusão e para que fossem chamadas as pessoas por ordem de chegada.
Guarda Municipal foi acionada
A fila ainda era significativa do lado de fora e a população chegou, até mesmo, a bater nos tapumes de proteção da porta de entrada do Hotel Everest, como forma de pressionar pela entrada no local.
Em razão desta grande aglomeração que se instaurou na calçada da rua Duque de Caxias, a Guarda Municipal chegou ao local e ordenou a proibição de saída e entrada de pessoas no leilão. Júlio Lovato, responsável pela comercialização do acervo, afirmou que não tinha como controlar a comportamento das pessoas do lado de fora do bazar e fez um acordo com as autoridades.
— Aqui dentro estamos respeitando a capacidade máxima de pessoas permitida por lei e estão todos de máscara, mas não conseguimos comandar o público externo. E a chuva faz com que as pessoas fiquem ainda mais aglomeradas embaixo de marquises. Passamos a liberar, pela entrada de garagem, a saída de pessoas. E só permitiremos a entrada de pessoas quando a fila lá fora estiver reduzida — observa.
Itens mais comuns de mobiliário e louça
O que restou dos leilões anteriores foram algumas camas (R$ 300), diversos quadros (R$ 350), cadeiras, cadeiras de descanso (de R$ 80 a R$ 200), luminárias (R$ 50), poltronas (R$ 80), cabides (R$ 1). Itens raros ou únicos não foram encontrados neste lote que foi comercializado. A objeto de destaque fica para o carrinho de carregar malas. Com arcos dourados, ela estava pelo preço de R$ 1,5 mil
Os itens que causaram mais interesse, segundo Lovato, foram as camas, jogos de lençol, televisores, janelas, portas e aparelhos de ar condicionado. O organizador do evento afirma que itens raros não faziam parte do acervo:
— Um leilão do acervo deste hotel foi realizados anos atrás. Nele, é que foram vendidos objetivos únicos e de maior valor. Restaram itens mais comuns de mobiliário de quarto e louças. Caso o estoque não se esgote nesta quarta-feira (30), vou estabelecer um sistema de retirada de senhas para evitar o tumulto de hoje.