Após a prefeitura se comprometer a pagar R$ 39,3 milhões às empresas de ônibus de Porto Alegre para minimizar os prejuízos causados pela pandemia, os consórcios precisarão cumprir uma série de medidas previstas no acordo. Até o final de 2020, por exemplo, as empresas precisarão oferecer 150 pontos de venda e recarga do cartão TRI.
As lojas não precisam ser novas — o documento, resultado de mediação pelo Tribunal de Justiça, prevê que possam ser feitos acordos com estabelecimentos públicos e privados. Assim, bares, lancherias e farmácias poderiam se transformar em pontos de recarga espalhados pela cidade.
Atualmente, os únicos pontos de venda disponíveis são o do Terminal Triângulo, na Zona Norte, e o da sede da Associação dos Transportadores de Passageiros (Av. Protásio Alves, 3885, somente para recarga antecipada). O posto do Centro, na Rua Uruguai, está fechado por conta da pandemia. Também é possível recarregar o cartão pelo aplicativo ou site do TRI.
— O pessoal às vezes está sem internet no celular, sem bateria, ou é mais velho e não sabe utilizar a tecnologia. A gente teve muito avanço (com o acordo). Coisas que levaríamos anos para conseguir avançar, se fosse item a item, conseguimos dar um passo bem legal — afirma o secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Rodrigo Mata Tortoriello.
Segundo a ATP, será contratada uma empresa terceirizada que tenha conhecimento neste assunto. Para as empresas, a expansão da rede de pontos de atendimento diminui a utilização do dinheiro, o que contribui para a segurança no transporte coletivo:
— Esta questão dos avanços tecnológicos se coloca em linha com a modernidade. No momento em que criamos mais pontos para pulverizar a recarga, a gente busca acessibilidade maior e popularização maior do cartão, e isso só deve ajudar a diminuir o papel-moeda no interior dos coletivos — acrescenta o engenheiro de transporte da ATP, Antônio Augusto Lovatto.
Outros pontos do acordo
Os recursos repassados pela prefeitura serão revertidos, durante seis meses, em créditos para pessoas inscritas no Cadastro Único do governo federal. Os cartões só poderão ser utilizados fora do horário de pico.
O Executivo ainda não tem uma estimativa de quantas pessoas serão beneficiadas, mas, segundo Tortoriello, esta é uma das medidas que precisará ser colocada em prática mais rapidamente.
Além disso, as empresas se comprometeram a não reajustar a tarifa em 2020 e a ofertar descontos tarifários fora do horário de pico. O objetivo da redução é atrair mais passageiros em momentos em que os ônibus estão mais vazios — mas a medida não pode provocar aumento no valor final da passagem.
Segundo Tortoriello, o cálculo do desconto será feito pela prefeitura. Ele evitou projetar o valor e o prazo para que isso entre em vigor:
— Seria irresponsável projetar agora qual será este cálculo, mas vamos ter que trabalhar bem para não aumentar em outros anos. A gente tem a oportunidade de oferecer, mas temos que ter a responsabilidade de não deixar isso virar um veneno contra nós mesmos. A medida ajuda a distribuir a demanda ao longo do dia, fazendo com que algumas pessoas saiam 20 minutos mais tarde, por exemplo.
Para reduzir os prejuízos causados pela pandemia, as empresas também não precisam mais contratar ou repor cobradores para cumprir a obrigatoriedade da tripulação mínima. Este dispositivo vale por um ano a partir da assinatura do acordo. Ao longo deste período, a prefeitura e a ATP vão avaliar o sucesso da medida.