O secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Rodrigo Tortoriello, avaliou nesta quinta-feira (24) a situação do sistema de transporte público na Capital, que perdeu cerca de 70% dos passageiros devido à pandemia. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, ele voltou a defender a implementação de um pedágio urbano na cidade — projeto que levantou uma série de dúvidas, além de críticas e elogios.
— Crítica só porque existe a cobrança? Eu também gostaria de fazer uma crítica que sempre cobramos uma tarifa de ônibus para quem entra no centro da cidade. A proposta é reduzir o custo para quem ganha menos e só tem o ônibus como opção de transporte — argumentou Tortoriello.
— Não se trata de penalizar ninguém, mas distribuir a oportunidade de acessibilidade da cidade. Não podemos privilegiar o acesso ao município só para quem tem automóvel. Temos que democratizar o espaço público — completou.
O pedágio foi proposto como uma das formas de baratear a passagem de ônibus em Porto Alegre. A proposta prevê pagamento de R$ 4,70 para os veículos que ingressarem no perímetro que compreende a Rua da Conceição, a Loureiro da Silva e a Mauá.
Transporte na Capital
Atualmente, segundo dados da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), as linhas de ônibus têm apenas 40% da sua ocupação utilizada em relação ao período pré-pandemia. Os números, porém, apontam para uma crise que vem se acentuando ano a ano, antes mesmo dos efeitos do distanciamento social.
Coração do sistema, o ônibus perdeu 31% dos passageiros nos últimos 10 anos, como mostrou reportagem de GZH. Indagado sobre a situação, Tortoriello negou que o sistema esteja "se deteriorando". Apesar disso, enfatizou a necessidade de aprovação do pacote de projetos encaminhado à Câmara para melhorar o transporte da cidade.
— Temos a oportunidade de mostrar que a questão política está abaixo dos interesses da sociedade. Agora, o que não podemos deixar é que o ambiente político contamine uma proposta pragmática.