A tão esperada e festejada liberação da trincheira da Avenida Ceará também deu a Porto Alegre um novo ponto de imprudência no trânsito. Mesmo com o fluxo autorizado somente em março, e um fluxo bem menor na Capital em função da pandemia de Coronavírus, o acesso tornou-se o ponto com o maior número de multas por excesso de velocidade na cidade. Mais de 7.267 mil infrações foram registradas entre a inauguração e o final do mês de junho no local, o que está preocupando a Empresa Pública de Transporte e Circulação.
Uma lombada eletrônica foi instalada com limite máximo de 40 km/h. Além disso, há várias placas indicando a necessidade de redução da velocidade. Conforme a EPTC, o equipamento foi implementado por uma questão técnica e está devidamente sinalizado.
— Aquilo ali é um redutor de velocidade. Por se tratar de um local novo, as pessoas não estão acostumadas e estão desrespeitando. O equipamento serve para alertar e realmente fazer as pessoas baixarem a velocidade. Há toda sinalização possível, então é um dado que nos preocupa — diz o diretor-presidente da EPTC, Fabio Berwanger, destacando ainda que a forma da construção provocou a necessidade de colocação do redutor de velocidade.
O engenheiro civil e doutor em transportes da UFRGS João Fortini Albano avalia que a instalação da lombada está adequada à construção existente. Características da região, como o fato da BR-116 e da Avenida Zaida Jarros terem velocidade mais alta, e a forma de construção da trincheira, obrigaram o órgão de trânsito a utilizar uma sinalização bastante ostensiva.
— A trincheira foi executada adaptando a obra às circunstâncias locais, que não favoreciam a execução. A EPTC tomou suas devidas precauções de forma correta. O que é a notícia? Se é só a imprudência e o excesso de velocidade, não estamos comentando o número de acidentes. Então é algo positivo — ressalta Albano.
Além da trincheira da Ceará, integram o ranking dos cinco pontos com maiores números de registros de excesso de velocidade de Porto Alegre a Avenida Castello Branco (nos dois sentidos) e trechos da Oscar Pereira, no bairro Cascata, e Antônio de Carvalho, no bairro Jardim Carvalho.
Aumento mesmo com queda do movimento
Um dado que preocupa a autoridade de trânsito de Porto Alegre é a elevação, mesmo em meio à pandemia do coronavírus, de multas por excesso de velocidade. Em 2019, circular acima da velocidade permitida das vias correspondia a 34% do total de multas, e em 2020, passou para 58%. A EPTC intensificou as fiscalizações, e somente em junho, mais de 9 mil multas foram aplicadas por meio de radares operados por agentes de trânsito.
— É um número bem maior porque as pessoas estão abusando da velocidade durante a pandemia. Temos carros a 160 km/h em Porto Alegre. Isso não tem justificativa.Ruas mais vazias, menos carros, menos pedestres e as pessoas mais a vontade para cometer infrações — diz Berwanger.
Na esteira do excesso de velocidade, outras infrações de trânsito chamam atenção na Capital. A segunda maior causa de multas na cidade é transitar em via de transporte público. Além disso, utilizar o celular enquanto dirige, ultrapassar o sinal vermelho e não utilizar o cinto de segurança ainda são infrações comuns praticadas pelos motoristas de Porto Alegre.